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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Hospital João Machado investe na atenção humanizada

Por Elizabete Canuto

Os transtornos mentais muitas vezes despertam na sociedade sentimentos como medo, repulsa ou desconforto, resultante da desinformação e preconceito que envolvem o tema. A humanização do olhar e do cuidado junto à pessoa com esse diagnóstico é essencial para seu tratamento e ressocialização. É nesse sentido que o Hospital Colônia Dr. João Machado (HJM), em Natal, que em janeiro deste ano completou 60 anos de existência, vem investindo cada vez mais na qualificação de suas práticas, para uma melhor atenção a seus pacientes.

A unidade dispõe de 131 leitos de internamento e 35 de observação, além de 40 leitos de retaguarda para o Hospital Walfredo Gurgel. Conta com uma equipe de 430 servidores, além de 130 terceirizados, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas. Muitos desses profissionais trabalham no HJM há muitos anos, como é o caso do diretor administrativo e financeiro, Edenilson Pereira, que passou a integrar o quadro de servidores em 1994, atuando no setor de limpeza, e devido à sua dedicação e empenho exerce a atual função.

Edenilson destaca os avanços obtidos no hospital ao longo dos anos: “quando ingressei no João Machado havia 250 pacientes e as condições eram bem precárias. Inclusive existiam muitas grades em todos os espaços, como se fosse um presídio. Hoje, os pacientes encontram uma maior qualidade de vida, na medida em que circulam livremente por todas as áreas do hospital, contam com diversas atividades como jogos de futebol e dança numa quadra, têm a oportunidade de se distrair com jogos diversos como sinuca e outros de tabuleiro num salão destinado a isso e participam de sessões de filmes com pipoca. Além disso, os familiares têm fácil acesso para visitar os pacientes, por quanto tempo desejarem, a fim de estimular o convívio”. Os pacientes contam também com um ateliê, onde ficam livres para se expressar e produzir pinturas, desenhos, fuxicos, crochê, bem como têm acesso a atividades culinárias.

Outro destaque são os passeios semanais pelo Parque das Dunas, onde os pacientes passeiam sem fardas, que induzem a uma identificação, em mais uma ação de incentivo à ressocialização. Também com esse objetivo, todas as datas festivas são valorizadas no João Machado, com direito a muita comemoração reunindo pacientes, familiares e servidores. Como exemplos, são realizados o São João “Cai e Pira” e o bloco carnavalesco “Louca Folia”, que circula nas proximidades do hospital. Também são realizadas reuniões com os familiares, de modo a não só cuidar do cuidador, mas também de incentivar sua percepção como co-responsável no tratamento do paciente.

Mais um ponto ressaltado pelo diretor administrativo foi a realização regular de reuniões com os familiares, de modo a não só cuidar do cuidador, mas também incentivar sua percepção como corresponsável no tratamento do paciente. Várias pesquisas comprovam o papel fundamental da família na recuperação e ressocialização da pessoa com transtorno mental.

Também em busca da melhoria da qualidade de vida dos pacientes do HJM, foi feita a transferência do pronto-socorro para o local onde anteriormente funcionou a clínica médica do Walfredo Gurgel. O espaço estava inutilizado e foi totalmente reformado para dar mais conforto aos pacientes.

Além das ações conduzidas pela direção hospitalar, os pacientes contam com a contribuição de trabalhos voluntários, como os “Garimpeiros da Luz”, grupo espírita que faz visitas semanais, organizando momentos lúdicos com música e promovendo lanches.

DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

Essas mudanças vivenciadas no Hospital João Machado são reflexo do processo de desinstitucionalização, pelo qual a unidade vem passando, conforme as diretrizes da reforma psiquiátrica, formalizada pela Lei Federal 10.216/01. Tal processo está relacionado com a atenção humanizada ao paciente e com a busca por sua ressocialização, reconduzindo-o ao convívio com seus familiares, amigos e com a sociedade em geral.

Para tanto, é necessário um conjunto de medidas integradas de atendimento, tratamento e amparo aos pacientes, como explica a diretora geral do HJM, Maria Adilene de Sousa. Nesse contexto, destacam-se o serviço de acolhimento na urgência e a escuta qualificada junto ao paciente por parte de uma equipe multiprofissional, também responsável pela alta assistida. A escuta qualificada é um diferencial do tratamento humanizado, significa ouvir o que o outro diz, pensa e conhece, para, a partir disso, construir novos conhecimentos e práticas.

“Após a escuta qualificada, nossa equipe conseguiu descobrir os locais de residência de vários pacientes e reconduzi-los a seus lares, com o tratamento adequado e as devidas orientações junto a seus familiares. Já levamos pacientes de volta a Paraíba, Maranhão e Rio de Janeiro, por exemplo”, relata Edenilson Pereira. Quando os pacientes em condições de alta médica não possuem um local para ir, são encaminhados para as residências terapêuticas, parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde e instrumentos de reinserção social dos pacientes. No Rio Grande do Norte, existem três residências dessa natureza, todas em Natal. Em 2016, 12 pacientes com longo período de internação no HJM receberam alta e foram encaminhados a uma residência terapêutica de Natal.
Fotos relacionadas à divulgação/
Ascom/Sesap
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