O esforço para seguir lutando por questões como igualdade de oportunidades, respeito às diferenças e inclusão social faz dessas pessoas, e seus familiares, vencedoras a cada dia
“Aquilo que não me mata, me fortalece”, escreveu o filosofo alemão Friedrich Nietzsche. No século XIX, o contexto era outro, mas se encaixa perfeitamente na superação das barreiras que surgem no cotidiano e ao longo de toda a vida das pessoas que possuem algum tipo de deficiência. O esforço para seguir lutando por questões como igualdade de oportunidades, respeito às diferenças e inclusão social fazem dessas pessoas, e seus familiares, vencedoras a cada dia.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 80% das pessoas que vivem com alguma deficiência moram nos países em desenvolvimento ou emergentes, como o Brasil. Por aqui, mais de 45 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência, o que corresponde a quase 24% da população, como revela a última pesquisa Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que, em todo o mundo, 150 milhões de crianças menores de 18 anos têm alguma deficiência. Mas o que não é apresentado em nenhuma estatística ou pesquisa é a quantidade de pessoas que sofrem preconceito e discriminação, uma situação não restrita às pessoas que têm deficiência. E se pensarmos nas crianças, essa é uma realidade ainda mais cruel.
Luta contra o preconceito
“No caso da minha filha, que não tem o cognitivo preservado, ela não percebe o preconceito, quem mais sofre somos nós, os irmãos, o pai e eu. Chegou a um ponto em que algumas pessoas retiraram os filhos da escola porque minha filha estava na sala de aula e houve pessoas que falaram para as crianças não chegarem perto dela, pois ela ‘babava e poderia passar a doença’. Então já ouvi muitas frases macabras, pois estou nessa caminhada há 17 anos”, relata Andrea Quadros, que é mãe da Júlia, uma adolescente que nasceu com encefalopatia crônica, mais conhecida como paralisia cerebral – um grupo de desordens que pode evoluir com comprometimento nas funções sensoriais, perceptivas, cognitivas, de comunicação e comportamental, e que geralmente afeta também a coordenação do corpo e movimento muscular.
A Maria Diva de Brito, 38 anos, também foi vítima de preconceito quando mais nova. Um problema durante o parto fez com que Maria não recebesse oxigênio necessário ao nascer. Isso a afetou a medula e, consequentemente, as pernas, que não são capazes de sustentar o próprio corpo.
“Teve um momento na minha adolescência em que eu sofri bastante preconceito. Mas eu nunca fui dessas de abaixar a cabeça e ficar em casa trancada. Primeiro eu me aceitei como sou. Então não importa quantas quedas eu vou levar, quantos machucados eu vou ter, sempre vou me levantar e seguir em frente”, enfatiza a Maria Diva.
Diagnóstico e tratamento precoce
A força de vontade dela passou também para a filha de cinco meses, a Juliana. Pouco depois de nascer, a bebê foi diagnosticada com microcefalia. Mas com os cuidados recebidos no Hospital de Apoio de Brasília, a pequena está conseguindo desenvolver a coordenação motora de maneira rápida, o que impressiona até os médicos do local.
A neuropediatra Ellen de Souza Siqueira, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, explica que para ampliar a conscientização da população para evitar o preconceito às crianças com deficiência é necessário instigar o debate e divulgar todas as informações possíveis sobre esse assunto.
“Às vezes as pessoas emitem opiniões errôneas sem saber da real situação de uma criança. Então, é importante evitar dar opiniões se você não conhece a história da criança, as dificuldades que a família passa e tudo que já sendo feito para lidar com aquela deficiência”, orienta Ellen. [Blog da Saúde > Saiba mais]
Imagem relacionada à divulgação
- Ouça aqui reportagem na Web Rádio Saúde: Preconceito: Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência
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