Matéria Especial
Por Débora
Brandão
O nascimento
de um filho gera muita expectativa e ansiedade numa família. São inúmeros
planos e preparativos para que a casa possa receber um novo membro. Mas e se o
bebê nasce antes do esperado, prematuro? O hospital acaba se tornando uma casa
para os pais da criança que passam boa parte do tempo às voltas entre o leito
de UTI, conversas com os médicos e o carinho e cuidado necessários para a
recuperação do filho.
No hospital
Dr. José Pedro Bezerra, mais conhecido como hospital Santa Catarina, na Zona
Norte de Natal, um serviço pioneiro no estado dá suporte às mães, que não moram
na capital, tem seus filhos prematuros e precisam de um apoio fixo para
suportar com mais leveza a dura realidade diária de verem seus bebês ainda tão
pequenos e frágeis precisarem de cuidados tão complexos quanto os de uma
unidade de terapia intensiva neonatal.
A Casa da
Mãe Cidadã funciona dentro do hospital Santa Catarina, num espaço próximo aos
leitos de UTI Neonatal, onde as mães moram até que seus filhos se recuperem e
possam ir pra casa. O local dispõe de três dormitórios com 16 camas no total,
além de sala de estar e TV, cozinha, área de serviço e espaço para refeições,
que são fornecidas pelo hospital para as mães a cada três horas.
Alessandra
Pereira, moradora do município de Parnamirim, teve seu filho com 30 semanas de
gestação, ou seja, 10 semanas antes do esperado. O pequeno William nasceu em
julho e se recupera na UTI Neo do hospital, enquanto sua mãe o acompanha
diariamente. "Temos acesso 24 horas por dia aos nossos bebês, recebemos
refeições e lanches e contamos com o apoio de toda equipe e das outras mães que
também estão morando aqui", explicou Alessandra.
Já o pequeno
Samuel nasceu em maio. Com problemas cardíacos precisou fazer uma cirurgia e
após o procedimento, que foi realizado em junho, está em recuperação na unidade
de médio risco do hospital Santa Catarina. "Aqui a gente vive como uma
família. Temos o apoio e amizade das outras mães e também de toda a equipe da
UTI", disse Cinthia Souza, mãe de Samuel e moradora do município de
Extremoz.
São
considerados prematuros os bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação, e
eles só recebem alta após atingirem o peso de dois quilos. No Santa Catarina
estes bebês são acompanhados de perto até os dois anos de idade, por pediatras,
nutricionistas, enfermeiros e psicólogos que avaliam, entre outras coisas, o
ganho de peso e a cognição destas crianças - é o chamado "follow up",
acompanhamento recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Todas as
crianças nascidas no Santa Catarina realizam os testes de orelhinha, pezinho,
coraçãozinho e olhinho, este último responsável por identificar o surgimento da
retinopatia (muito comum em prematuros e que pode causar cegueira).
Recentemente a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) adquiriu um
aparelho fotocogulador a laser que possibilitou a realização de cirurgias para
correção do problema, evitando o deslocamento dos bebês para cirurgia. Os
procedimentos são realizados todas as quartas-feiras por um oftalmologista
neonatal especializado em retina. Estão sendo realizados, em média, 8 a 10
procedimentos por mês. Saiba mais clicando aqui.
“Nossa UTI
tem uma estrutura e equipe muito bem montados. Além da alta qualificada, com a
realização dos exames de orelhinha, pezinho, coraçãozinho e olhinho, somos
referência na qualificação de profissionais, na utilização do método canguru e
temos também o suporte do banco de leite humano dentro do hospital”, explicou a
diretora geral do Hospital Dr. José Pedro Bezerra, Maria José de Pontes.
Ao lado da
UTI Neonatal, também funcionam os leitos de Médio Risco - para os bebês que já
respiram sem ajuda de aparelhos, e os leitos da Unidade de Cuidados Intensivos
Canguru (Ucinca), onde as mães e/ou outro familiar podem ter um contato mais
próximo com os bebês. É o chamado método
canguru que permite o contato pele a pele com o bebê fortalecendo os vínculos
familiares.
Para Flávio
Roberto de Oliveira, médico neonatologista e plantonista da UTI Neonatal do
Santa Catarina o funcionamento e estrutura da unidade são equivalentes aos
serviços oferecidos na rede privada de saúde. “O grande diferencial desta UTI é
a equipe de profissionais que temos aqui, todos comprometidos em dar seu
melhor. O serviço oferecido é de excelência”.
Seguindo os
preceitos da Política Nacional de Humanização (PNH) o hospital funciona com
sistema de visita aberta, das 10h às 18h. E desde 1995 possui o título de
Hospital Amigo da Criança, concedido pelo Unicef e renovado a cada dois anos.
Reformas
Estão
previstas, com recursos da Rede Cegonha e contrapartida do Governo do Estado,
diversas melhorias na estrutura do hospital como a ampliação da Casa da Mãe
Cidadã, reforma do alojamento conjunto para as mães no pós-parto, ampliação
física, com melhora da ambiência da UTI Neonatal e da Ucinca, além da
construção de um Centro de Parto Normal (CPN).
Números
O hospital
José Pedro Bezerra foi fundado no ano de 1985. Possui 225 leitos no total e
mais de 1.300 funcionários. É um hospital geral, de alta complexidade, que
atende os casos de urgência e emergência, clínica médica e cirúrgica. Além
disso, é referência estadual para os partos de alto risco e cuidados neonatal.
Possui 10
leitos de UTI adulto e 28 leitos de UTI infantil - sendo 20 neonatal e 8 leitos
de médio risco, além de 12 leitos de cuidados canguru (Ucinca).
De janeiro a
agosto o hospital realizou um total de 22.182 atendimentos, sendo 7.597 somente
na área de obstetrícia. Pacientes dos municípios de Natal, São Gonçalo do
Amarante, Ceará Mirim, Extremoz, Macaíba, João Câmara, Touros e Maxaranguape
são os que mais procuram atendimentos na unidade.
O hospital
serve ainda como campo de estágio para diversas universidades e abriga turmas
de residência médica em neonatologia e de especialização em enfermeiro obstetra
numa parceria da UFRN, UFMG, Rede Cegonha e Ministério da Saúde.
Fotos relacionadas à divulgação
0 comentários:
Postar um comentário