Sequência cultuada protagonizada por zumbis
templários será exibida de 9 a 12 de maio, no Teatro de Cultura Popular
O apocalipse
zumbi está próximo. E não é de hoje que o cinema aposta firmemente nesta
crença. No início da década de 70 do século passado, quando nem se imaginava
que haveria um verdadeiro culto aos The Walking Dead no século XXI, uma turba
de mortos-vivos invadiram as telas no cinema B espanhol em uma quadrilogia que
é hoje cultuada pelo requinte de detalhes na direção de arte e fotografia. E
são eles, os zumbis de Amando de Ossorio, os protagonistas da XI Mostra do
Filme Cult, que o Cineclube Natal realiza em parceria com o Teatro de Cultura
Popular Chico Daniel a partir da próxima terça-feira (9), sempre às 18h30.
A mostra
começa com a exibição de A Noite do Terror Cego, de 1972, primeira parte da
quadrilogia de Ossorio. Filmado em Portugal, em função da censura da ditadura
de Francisco Franco na Espanha, o primeiro longa foi realizado com vigor e
inovação estéticos em apenas um mês. Apaixonado pelas lendas dos cavaleiros
templários dos escritos de Adolfo Bécquer, o cineasta criou uma visão autoral
do zumbi. No enredo, o reencontro das amigas Virginia e Betty - que insinua um
relacionamento lésbico no passado - em uma viagem de trem com Roger, amigo de
Virginia. O interesse de Roger por Betty causa ciúmes em Virginia que, com
raiva, acaba indo parar nas ruínas da cidade de Berzano. O local no passado
abrigou os cavaleiros templários que, depois que retornaram das cruzadas,
abdicaram do cristianismo propagando o ocultismo para ter acesso à vida eterna.
São os
templários cegos os personagens dos outros três filmes de Ossorio. Sempre
permeando o imaginário popular dos locais que servem de cenário às histórias,
conta-se que eles saem das tumbas como zumbis que perseguem suas vítimas,
identificando-as por meio do batimento cardíaco, já que não podem vê-las.
Somente a luz do sol é motivo para que desapareçam. No segundo filme, O Retorno
dos Mortos Vivos, de 1973, Ossorio retomou o mote básico, criando uma nova
história sem nenhuma ligação com a trama interior. Em um vilarejo espanhol, os
cavaleiros templários acusados de praticar magia negra são condenados à
fogueira pelos moradores e têm seus olhos queimados. Meio século depois, em uma
festa que celebra essa vitória, os mortos-vivos retornam para se vingar.
Na
quinta-feira (11), será exibido O Galeão Fantasma, terceiro filme da série.
Aqui, o ambiente tradicional dos vilarejos ibéricos é substituído por um navio
holandês fantasma do século XVI, que navega em uma mística penumbra, nunca
captado por nenhum radar e instrumento de navegação. Conta a lenda que o galeão
atrai pequenos barcos para essa dimensão fantasmagórica, a fim de alimentar os
mortos cegos sedentos por sangue e carne humana.
A mostra
termina na sexta (12), com A Noite das Gaivotas, de 1975, que os fãs definem
como o melhor exemplar dos quatro filmes. Assim como os anteriores, não há
amarra cronológica, e a história tem uma trama independente. Nela, um médico
chega a um vilarejo com sua esposa para substituir o antigo profissional e
acaba descobrindo que o local esconde um terrível segredo: séculos atrás, uma
ordem de cavaleiros templários realizava cerimônias de magia negra idolatrando
um demônio do mar. A maldição faz com que de tempos em tempos, durante sete
noites, os moradores do povoado sejam obrigados a oferecer suas belas filhas
para que os mortos-vivos que voltam à vida arranquem seus corações e deem para
uma inominável figura de pedra entalhada na forma de um demônio anfíbio - o tal
demônio do mar.
Os filmes de
Ossorio são famosos pelo cuidado estético e originalidade das tramas, a
despeito do baixo orçamento de suas produções. Seus enredos ultrapassam o mero
terror e sugerem uma atmosfera sombria
de repressão - ao sexo, à diversão - que remetem ao regime ditatorial de
Franco, sem que haja alusão direta. Além disso, seus zumbis se tornaram famosos
pela caracterização: esqueléticos, com capuzes, sem olhos, carregando espadas
que parecem foices – verdadeiras representações dos arautos da morte.
As exibições
da XI Mostra do Filme Cult terão início sempre às 18h30, no Teatro de Cultura
Popular Chico Daniel, da Fundação José Augusto - a parceria mais longeva do
Cineclube, que já leva 12 anos - e para entrada é sugerida uma taxa de
manutenção, não obrigatória, de R$ 5.
SERVIÇO:
O quê? 11º
Ano da Mostra do Filme Cult
Onde? Teatro
de Cultura Popular da Fundação José Augusto - Rua Jundiaí, 641 - Tirol
Quando? 09 a
12 de maio de 2017 (terça a sexta-feira), 18h30
Quanto? R$ 5
(taxa de manutenção)
Cineclube Natal
cineclubenatal@cineclubes.org.br
imagem relacionada à divulgação
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