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terça-feira, 28 de março de 2017

Artigos Casa Durval Paiva; por Laíse Santos Cabral de Oliveira, Larissa Rocha e Eloisa Alexsandra Lopes

O enfrentamento dos adolescentes em tratamento oncológico diante da queda do cabelo

Por Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga - Casa Durval Paiva
CRP 17-3166

A alopecia mais conhecida como queda do cabelo é um dos efeitos colaterais mais comuns aos pacientes que estão em tratamento contra o câncer, como também, um dos mais temidos por eles, o qual pode acarretar diversas consequências psicológicas. A queda do cabelo é visível aos outros, sendo assim, um sinal de confirmação de que a pessoa está doente e em tratamento.

É importante ressaltar que não são todos os agentes quimioterápicos que produzem a alopecia, como também, não são todos os pacientes que têm sofrimento emocional com tal reação, uma vez que há quem encare a queda de cabelo como um acontecimento sem importância. Geralmente, consideram tal reação como um efeito do uso de uma medicação forte que irá aumentar as suas chances de alcançar a cura do câncer.

Alguns pacientes vivenciam a redução e/ou completa ausência dos fios, como um fator que diminui a sua própria beleza. Por consequência da mudança na imagem e do conceito de si mesmo, nessas situações, a alopecia interfere diretamente na personalidade, autoestima e individualidade do paciente. Os efeitos psicológicos negativos que estão associados a esta reação dos quimioterápicos atinge a maior parte dos pacientes que estão em tratamento, sendo mais frequente entre as adolescentes.

Para os adolescentes, o choque da queda dos cabelos geralmente ocorre em uma fase de intensa preocupação com a aparência e com a valorização de ser visivelmente atraente ao outro. Esses aspectos dificultam a construção de um conceito positivo de si mesmo, podendo trazer como consequência o afastamento do adolescente de seu convívio pessoal - como da família e amigos – e pode dificultar a criação e/ou estabelecimento de novos relacionamentos significativos. No caso das pacientes, os cabelos representam um símbolo da feminilidade, causando um impacto ainda mais forte.

As adolescentes que acompanhamos na Casa Durval Paiva, geralmente, não aderem ao uso das perucas e cortam os cabelos em duas etapas: primeiro, diminuem o tamanho do cabelo, deixando-o com certo movimento; em seguida, cortam o cabelo curto. Elas relatam que será mais fácil para quando o cabelo começar a cair, evitando as falhas na cabeça. É importante ressaltar que existe um fator psicológico importante nesse corte gradativo dos fios, pois as pacientes têm um tempo para elaborar a dor dessa perda.

Há diversos recursos disponíveis para as adolescentes resgatarem a autoestima, como as perucas - de materiais artificiais ou naturais - os lenços, tiaras, gorros e chapéus. Algumas usam a peruca como tentativa de resgatar a sua vida do modo mais semelhante ao que era antes do adoecimento, portanto, continuar com cabelos – mesmo sendo com a peruca – é importante para que elas se sintam bem. Outras preferem realçar a maquiagem, com o uso das sombras, batons e blushes, focando a atenção dos outros no rosto, ou até mesmo, utilizando os brincos e colares. Quando se trata dos meninos, é comum que eles recorram ao uso de bonés ou roupas mais escuras, com o mesmo objetivo, retirar o foco dos cabelos.

É cada vez mais frequente encontrarmos pacientes que não sentem vontade de usar perucas e bonés, andando totalmente carecas, sem o desejo de esconder o câncer, assumindo a doença. São pacientes que possuem boas estratégias de enfrentamento e aceitam que estão passando por um tratamento médico que desencadeia algumas reações físicas. Mesmo diante do olhar preceituoso e invasivo do outro, é fundamental respeitar o desejo e as singularidades de cada paciente. Há os que não gostam de peruca e nem de lenços e assumem a careca, como existem os que vão utilizar todos os recursos existentes para “esconder” a doença. O importante é respeitar o desejo de viver e de enfrentar a doença, o tratamento e suas reações do modo mais confortável para o paciente.

Serviço social e humanização com pacientes e acompanhantes

Por Larissa Rocha
Assistente Social - Casa Durval Paiva
CRESS/RN 4793

A Política Nacional de Humanização foi criada pelo Ministério da Saúde em 2003 e se refere ao processo de atenção e relação com o usuário, tem como intuito a garantia à universalidade, integralidade do cuidado e equidade das ofertas em saúde. Enquanto que a humanização quer dizer humanizar, dar condição humana a alguma ação ou atitude, ser tratável, realizar qualquer ato considerando o ser humano como um ser único e complexo.

O Serviço Social é a porta de entrada da Casa Durval Paiva, responsável pelo primeiro contato na instituição com o paciente e seu familiar. O qual inicia o acolhimento, momento de aproximação com o usuário e escuta qualificada, que resultará na intervenção do processo de despertar no paciente e seu acompanhante o senso como possuidores de direitos. O assistente social é o mediador de conflitos e orientador para garantia dos direitos e benefícios. O mesmo deve ter um olhar ampliado para cada pessoa como um ser único, digno de respeito e consideração, independentemente de qualquer circunstância, respeitando sempre a sua história e singularidade de vida.

A orientação e informação de forma instrumentalizada são elementos fundamentais no auxílio do tratamento e recuperação dos pacientes hematológicos e oncológicos, a família acaba enfrentando o processo curativo tendo outra visão do diagnóstico da doença, levando de forma mais leve e singular, o que se torna determinante para a continuidade do tratamento e a obtenção da cura.

Cabe frisar, que a Política Nacional de Humanização atua de forma transversal as demais políticas de saúde, tornando-se um instrumento para o assistente social de crucial importância, possibilitando que a voz do usuário não seja minimizada diante da burocratização. Já o atendimento humanizado se torna essencial na relação dos processos de atenção ao usuário, identificando a capacidade de cada pessoa envolvida, criando um elo entre o profissional, o paciente e a família, que perpassa o dia a dia do profissional.

Lesões bucais em crianças oncológicas

Por Eloisa Alexsandra Lopes
Dentista - Casa Durval Paiva
CRO/RN 3663

A higiene bucal deficiente ou a pré-existência de focos infecciosos aumentam o risco de infecção bucal durante a quimioterapia. As crianças em tratamento contra o câncer assistidas na Casa de Apoio são examinadas pela cirurgiã-dentista tão logo tenham sua doença diagnosticada, sendo o tratamento odontológico iniciado, preferencialmente, antes do tratamento oncológico.  Acompanhadas também durante a fase aguda da doença, ou seja, o período de hospitalização.

Tanto no consultório, como no hospital, os pacientes são  atendidos para tratamento e orientação de alguma lesão que possa aparecer como consequência de tratamentos contra o câncer.  Daí a importância da integração entre o dentista e o médico oncologista, para manter o paciente com um bom nível de higiene bucal, minimizando o risco de complicações sistêmicas e locais.

Dentre as lesões bucais estão a mucosite, cárie, candidíase (sapinho) e xerostomia. A mucosite é uma resposta inflamatória da mucosa bucal às altas doses de quimioterapia, caracterizando-se pelo aparecimento de áreas avermelhadas, seguidas de feridas inflamadas, sangramento e inchaço. Acompanhado de intensa dor, que gera severo desconforto, resultando em má higienização oral, dificuldade de engolir os alimentos, diminuição da qualidade de vida, distúrbios do sono e fraqueza no corpo do paciente.

As lesões orais costumam desaparecer sem cicatriz a não ser que a mucosite seja agravada por infecção ou diminuição da produção de saliva. A manifestação mais precoce da mucosite é uma coloração esbranquiçada na mucosa (assoalho bucal, língua, bochecha e palato mole), sendo substituída gradativamente por áreas vermelhas e inchadas, favorecendo o desenvolvimento de áreas inflamadas, com a formação de uma membrana superficial  amarelada e removível.

A xerostomia é definida como a secura da boca, produzida pela secreção insuficiente de saliva, sendo considerada uma alteração frequente nos pacientes em tratamento oncológico, cessando logo após o término do tratamento, complicando a deglutição do bolo alimentar, além de trazer a sensação de queimação na boca, alterações no paladar e mau hálito.

Como a criança tem mais dificuldade para comer, acaba optando por alimentos pastosos e líquidos ricos em carboidratos que fermentam na boca, facilitando o aparecimento da cárie. Como prevenção para o controle da placa podem ser utilizados "géis" e "soluções com flúor", para fortalecer o dente.

A candidíase oral chamada popularmente de “sapinho” é uma infecção causada pelo excesso de fungo Candida albicans  na boca, que se desenvolve quando a resistência imunológica encontra-se enfraquecida. Os sintomas são ardência e placas esbranquiçadas na boca, língua ou garganta, dor ou dificuldade para engolir. Comuns em pacientes imunossuprimidos, esse fungo tem cura e o seu tratamento deve ser orientado por um clínico geral ou dentista, sendo feito com enxaguantes bucais, antifúngicos e correta higiene oral.

Mediante o acompanhamento odontológico às crianças assistidas, durante e após o tratamento oncológico, tentamos  controlar os problemas bucais, reduzir a possibilidade de dor, promover a cicatrização mais rápida de lesões como a mucosite, prevenir as infecções, favorecer a alimentação por via oral e reduzir ou evitar o tempo de internação hospitalar, melhorando assim a qualidade de vida posterior ao tratamento.

Casa de Apoio à Criança com câncer Durval Paiva
Assessoria de Comunicação
(84) 4006.1600/ 9981-3474/ 9622-4544
Na luta contra o câncer, quanto mais cedo, melhor!
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