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domingo, 24 de julho de 2016

Caicoense vence mostra nacional como melhor ator

Alexandre Muniz é considerado melhor ator nacional com peça inspirada em foucault

Por Sergio Vilar
sergiovilarjor@gmail.com

Foto reproduzida do site substantivo plural
A horrenda história de um matricídio elevou o nome de Caicó ou do teatro potiguar à mídia nacional esta semana.

E por quê?

Tudo começou quando o dramaturgo e psiquiatra catarinense Gregory Haertel encontrou semelhanças na história real de um assassinato de uma mãe pelo próprio filho, na França, com a realidade da Caicó arcaica do século 19.

O crime foi relatado no livro ‘Eu, Pierre Riviere, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão’, do filósofo francês Michel Foucault. E o fato serviu de base para montagem de um monólogo pela Trapiá Cia Teatral, de Caicó.

A companhia foi fundada em 2014 especialmente para essa encenação. E o projeto deu certo. Não com o pomposo título do livro de Foucault, mas apenas “P’s”.

Gregory Haertel viu no personagem Pierre um drama psicológico universal e adotou apenas o “P” para simbolizar outros tantos com o mesmo conflito existencial vivido na obra literária de Foucault.

E como um monólogo montado por uma companhia teatral caicoense e sem tradição ganharia o Brasil, se os da capital matam leões ao dia para conseguir projeção e poucas vezes conseguem? A peça “P’s” recebeu apoio no edital de circulação de artes cênicas do SESC RN. Foi o trampolim.

Depois entra na história o diretor do espetáculo, Lourival Andrade, conceituado no cenário teatral do Sul e responsável pela inscrição da peça em diversos festivais. Entre tantas participações, como a estreia em Campina Grande (PB) ou em festival de São Paulo, conseguiu vaga em um dos mais importantes festivais universitários do Brasil, em Blumenau, que já contou com a participação do Clowns de Shakespeare.

P’s foi aclamada pelo público e recebeu todos os elogios do júri especializado, culminando com a premiação de Melhor Ator na Mostra Nacional para o caicoense Alexandre Muniz e ainda menção honrosa à pesquisa realizada por Gregory Haertel.

Mas quem é Alexandre Muniz?

Ora, se até me desconheço seria ousado dizer quem é esse sujeito. Mas há alguns fatos e ironias irrefutáveis: ele é caicoense da gema, mas ainda bebê migrou para Catolé do Rocha, na Paraíba onde viveu infância e adolescência.

E aí vem uma mostra da importância e oportunidades oferecidas pela arte. No colégio Normal Francisca Mendes, de Catolé, tinha/tem um teatrinho, e ali um novo mundo se abriu para Alexandre.

Já em Caicó, após aulas paraibanas de teatro escolar, foi aluno do professor Félix, que o convidou, em 1997, para integrar o grupo teatral Retalhos de Vida – “a minha grande escola”.

E qual ironia há nisso?
Pois veja: hoje Alexandre Muniz é o atual diretor do Centro Cultural Adjuto Dias, de sua Caicó. Teatro fechado, palco fechado, oportunidades fechadas para formação de público e continuidade de atividades dos poucos heróis que se aventuram nas artes cênicas.

Mas Alexandre não se cansa. Além da rotina com a Trapiá, mantém seus projetos paralelos junto a crianças de áreas com potencial risco social, sempre levando oficinas de teatros na cidade e região.

“A nossa intenção com a Cia. Trapiá é profissionalizar o teatro na nossa região. Temos grandes artistas e precisamos potencializar essa cena. Em novembro, começamos a montagem de mais um espetáculo escrito pelo dramaturgo Félix. E Lourival já vem organizando um projeto para trazer vários artistas e pesquisadores teatrais para realizar trabalhos com os artistas locais. Em Blumenau ele já fechou com o Renato Ferracine e a professora, atriz e pesquisadora Bya Braga”, adiantou Alexandre.

E de 7 a 14 de agosto a Trapiá levará o espetáculo P’s à Bahia. [em Substantivo Plural > Cliqueaqui para ler o Monólogo] 
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