Alexandre Muniz é considerado melhor ator
nacional com peça inspirada em foucault
Por Sergio
Vilar
sergiovilarjor@gmail.com
Foto reproduzida do site substantivo plural
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A horrenda
história de um matricídio elevou o nome de Caicó ou do teatro potiguar à mídia
nacional esta semana.
E por quê?
Tudo começou
quando o dramaturgo e psiquiatra catarinense Gregory Haertel encontrou
semelhanças na história real de um assassinato de uma mãe pelo próprio filho,
na França, com a realidade da Caicó arcaica do século 19.
O crime foi
relatado no livro ‘Eu, Pierre Riviere, que degolei minha mãe, minha irmã e meu
irmão’, do filósofo francês Michel Foucault. E o fato serviu de base para
montagem de um monólogo pela Trapiá Cia Teatral, de Caicó.
A companhia
foi fundada em 2014 especialmente para essa encenação. E o projeto deu certo.
Não com o pomposo título do livro de Foucault, mas apenas “P’s”.
Gregory
Haertel viu no personagem Pierre um drama psicológico universal e adotou apenas
o “P” para simbolizar outros tantos com o mesmo conflito existencial vivido na
obra literária de Foucault.
E como um
monólogo montado por uma companhia teatral caicoense e sem tradição ganharia o
Brasil, se os da capital matam leões ao dia para conseguir projeção e poucas
vezes conseguem? A peça “P’s” recebeu apoio no edital de circulação de artes
cênicas do SESC RN. Foi o trampolim.
Depois entra
na história o diretor do espetáculo, Lourival Andrade, conceituado no cenário
teatral do Sul e responsável pela inscrição da peça em diversos festivais.
Entre tantas participações, como a estreia em Campina Grande (PB) ou em
festival de São Paulo, conseguiu vaga em um dos mais importantes festivais
universitários do Brasil, em Blumenau, que já contou com a participação do
Clowns de Shakespeare.
P’s foi
aclamada pelo público e recebeu todos os elogios do júri especializado,
culminando com a premiação de Melhor Ator na Mostra Nacional para o caicoense
Alexandre Muniz e ainda menção honrosa à pesquisa realizada por Gregory
Haertel.
Mas quem é
Alexandre Muniz?
Ora, se até
me desconheço seria ousado dizer quem é esse sujeito. Mas há alguns fatos e
ironias irrefutáveis: ele é caicoense da gema, mas ainda bebê migrou para
Catolé do Rocha, na Paraíba onde viveu infância e adolescência.
E aí vem uma
mostra da importância e oportunidades oferecidas pela arte. No colégio Normal
Francisca Mendes, de Catolé, tinha/tem um teatrinho, e ali um novo mundo se
abriu para Alexandre.
Já em Caicó,
após aulas paraibanas de teatro escolar, foi aluno do professor Félix, que o
convidou, em 1997, para integrar o grupo teatral Retalhos de Vida – “a minha
grande escola”.
E qual
ironia há nisso?
Pois veja:
hoje Alexandre Muniz é o atual diretor do Centro Cultural Adjuto Dias, de sua
Caicó. Teatro fechado, palco fechado, oportunidades fechadas para formação de
público e continuidade de atividades dos poucos heróis que se aventuram nas
artes cênicas.
Mas
Alexandre não se cansa. Além da rotina com a Trapiá, mantém seus projetos
paralelos junto a crianças de áreas com potencial risco social, sempre levando
oficinas de teatros na cidade e região.
“A nossa
intenção com a Cia. Trapiá é profissionalizar o teatro na nossa região. Temos
grandes artistas e precisamos potencializar essa cena. Em novembro, começamos a
montagem de mais um espetáculo escrito pelo dramaturgo Félix. E Lourival já vem
organizando um projeto para trazer vários artistas e pesquisadores teatrais
para realizar trabalhos com os artistas locais. Em Blumenau ele já fechou com o
Renato Ferracine e a professora, atriz e pesquisadora Bya Braga”, adiantou
Alexandre.
E de 7 a 14
de agosto a Trapiá levará o espetáculo P’s à Bahia. [em Substantivo Plural > Cliqueaqui para ler o Monólogo]
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