acesse o RN blog do jornalista João Bosco de Araújo [o Brasil é grande; o Mundo é pequeno]

segunda-feira, 21 de março de 2016

8 de Março: Mulheres homenageadas em Caicó

Por Fernando Antonio Bezerra*

Inspirado ainda nas celebrações de março, alusivas à mulher, pesquisei sobre alguns temas relacionados ao gênero feminino no Caicó de todos nós. Lendo alguns resumos de monografias disponíveis no extraordinário acervo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, uma me despertou especial atenção: “A representação da mulher e as questões de gênero na toponímia urbana de Caicó”. Escrita em 2013 por Cláudia Medeiros de Araújo, a dissertação foi apresentada como requisito para a obtenção do grau de Mestre em História e demonstra, dentre outros, que as mulheres ocupam pouco espaço nas homenagens que nominam ruas e logradouros em Caicó.

Débito, portanto, existente e passível de quitação, mesmo que parcialmente. São inúmeros os relatos de grandeza, generosidade e cidadania que muitas mulheres, mesmo não ocupando cargos públicos, desempenharam em instituições educacionais, beneméritas ou religiosas em Caicó. Evidentemente que por muitos anos alguns direitos foram subtraídos indevidamente das mulheres e, por repressão ou retração, algumas não se apresentaram tanto quanto gostariam, mas, mesmo assim, muito fizeram, particularmente, em espaços que, sem elas, não seriam alicerces tão firmes de educação, moral e fé. A Câmara local, legitimada para tanto, poderia dedicar especial atenção ao assunto.

Lamentavelmente somente em 1966 se deu a primeira homenagem a mulher caicoense quando a Maternidade local (criada no ano de 1947) foi nominada Joaquina Dantas Gurgel, ou seja, Mãe Quininha, a mais conhecida parteira da história de Caicó e respeitável genitora de Monsenhor Walfredo Gurgel. Em 1972 outras duas homenagens foram feitas, iniciando uma nova etapa, outorgando ao futuro a preservação da memória de duas ilustres caicoenses: Generina Vale e Júlia Medeiros. A iniciativa foi do então Prefeito Francisco de Assis Medeiros que, conhecendo bem a história da cidade, alterou o nome da Rua São José para Generina Vale e a Rua 6 de Julho para Júlia Medeiros. Foram as duas primeiras ruas da cidade que homenagearam mulheres caicoenses.

Sobre Júlia Medeiros, muito já foi dito, inclusive, neste recanto de anotações. Certamente foi a caicoense de maior destaque do século passado. Educadora, política, oradora, enfim, pioneira em costumes e posturas que a destacaram como mulher à frente de seu tempo e ativa cidadã. Generina Vale, por sua vez, era filha de Belmira Benigna Vale e Manoel Gonçalves de Medeiros Vale. Caicoense da melhor tradição, filha da estimada família Vale, nasceu em 30 de outubro de 1897. Foi uma das expoentes das primeiras gerações do Grupo Escolar Senador Guerra. Notabilizou-se por ser a primeira mulher a dirigir uma instituição bancária no Rio Grande do Norte. O Banco Rural de Caicó que, de fato, era uma Cooperativa, por ela presidido, foi fundado em 5 de maio de 1929 por vários caicoenses tendo Celso Dantas como seu primeiro presidente. Depois de assumir outros cargos na estrutura da instituição, Generina Vale se tornou presidente do Banco por volta do ano de 1965.

Generina era irmã de Maria Vale, Olegário Gonçalves Vale Sobrinho e Rossini Vale. Não contraiu matrimônio e não deixou descendentes. Sobre sua irmã, Maria Vale, outra homenageada tempos depois na memória da cidade, todos os pesquisadores que tratam do assunto são unânimes, inclusive, a dissertação já destacada também indica: foi a modista do século em Caicó! A costura, pelo esmero e finas peças, tem em Dona Maria Vale um marco importante em sua história em Caicó, como estilista e formadora de aprendizes no ofício de modelar a beleza feminina. A propósito, Dona Maria Vale Monteiro (1895-1979) foi casada com Dr. Augusto Monteiro (1881-1918) que chegou a ser Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte e ocupou cargos de alta direção no então Território do Acre. Infelizmente logo ficou viúva e precisou reconstruir sua vida trabalhando dignamente como modista e costureira em Caicó.

Outras tantas ao longo dos últimos 44 anos foram homenageadas com a inscrição de seus nomes em ruas, escolas e outros equipamentos públicos. A mulher caicoense, de fibra e de força, merece sempre a lembrança, como reconhecimento, do muito que fez e de tudo o mais que continua a fazer para que Caicó seja cidade de alegria, fé, trabalho e futuro.

*Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó – com post na página do Bar de Ferreirinha.
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright © AssessoRN.com | Suporte: Mais Template