Araceli Sobreira [Pedra Sertão]
A minha primeira viagem de verdade foi para o Ceará...em dezembro de 1978, para
minha mãe pagar uma promessa. Viagem de 3 dias dentro de um ônibus - SP-CE,
pela BR 116...o trecho mais lindo e mais longo é o que corta o Estado de Minas
Gerais e onde fiquei mais encantada com as montanhas, estradas sinuosas e os
rios...
Depois fizemos outra viagem em dezembro de 1980. Em ambas as viagens, Minas Gerais era a beleza que me encantava...Nos anos de 1982, 1983, 1985, 1988, fiz alguns percursos entre a BR 101 e a 116, primeiro com meu tio Edgar e, depois com meu pai - de caminhão - em meus diários, descrevo impressões maravilhosas sobre o Rio Doce e o o rio Gandhu e as maravilhas que vi entre Minas, Espírito Santo e Bahia...
"Nenhum livro de Geografia vai lhe ensinar nada do que você está vendo, minha filha, dizia meu pai"...Tem cidade muito linda por onde o Rio Doce serpenteia, mas bonito mesmo é quanto chega no Espírito Santo...você vai ver.
No dia que passamos em Governador Valadares, eu fiquei em êxtase: lembrando das viagens de ônibus...de minha mãe...e da lindeza do rio. Papai sempre muito esperto, me observava o tempo todo: "Daqui de onde estamos, você vê aqueles doidos saltando lá de cima, do Pico Ibituruna, quer ver? quer ver? E papai freava, por cima da Ponte. Deixando-me ver os voos de asa delta (naquela época eu queria saltar de asa delta...ah os 19 anos!).
Essas surpresas eram de tirar o fôlego e meu pai era ardiloso. Ele ainda me levou para ver a Pedra do Itaúna, em Caratinga, bem de perto! e tudo dizia que se eu saltasse, um dia, não seria um espanto, para ele...Ele já sabia de meu gosto pela escrita. Quando parava para abastecer ou fazer qualquer coisa, como martelar os pneus, lavar o párabrisa, aspirar a cabine, lá estava eu com meu caderninho de viagem...escrevendo...escrevendo...e ele perguntava: "o que tanto tu anota aí?
E eu dizia: "Aqui é meu diário de viagem, para eu não esquecer de Minas Gerais, dessa estrada longa". E no jeito desavergonhado de seu Pedro de ser, arrematava: "Tu foi feita nessas estradas, no caminho para Belo Horizonte, lembra, não? Por isso, gosta tanto dessas pedras, dessas serras, desses rios!... Eu já cai num rio desses uma vez, sabia,?! Você nem tinha um ano. Fiquei preso no pedal do carro e quase morri....um dia conto!"
foto: pagina pedra do sertão |
Depois fizemos outra viagem em dezembro de 1980. Em ambas as viagens, Minas Gerais era a beleza que me encantava...Nos anos de 1982, 1983, 1985, 1988, fiz alguns percursos entre a BR 101 e a 116, primeiro com meu tio Edgar e, depois com meu pai - de caminhão - em meus diários, descrevo impressões maravilhosas sobre o Rio Doce e o o rio Gandhu e as maravilhas que vi entre Minas, Espírito Santo e Bahia...
"Nenhum livro de Geografia vai lhe ensinar nada do que você está vendo, minha filha, dizia meu pai"...Tem cidade muito linda por onde o Rio Doce serpenteia, mas bonito mesmo é quanto chega no Espírito Santo...você vai ver.
No dia que passamos em Governador Valadares, eu fiquei em êxtase: lembrando das viagens de ônibus...de minha mãe...e da lindeza do rio. Papai sempre muito esperto, me observava o tempo todo: "Daqui de onde estamos, você vê aqueles doidos saltando lá de cima, do Pico Ibituruna, quer ver? quer ver? E papai freava, por cima da Ponte. Deixando-me ver os voos de asa delta (naquela época eu queria saltar de asa delta...ah os 19 anos!).
Essas surpresas eram de tirar o fôlego e meu pai era ardiloso. Ele ainda me levou para ver a Pedra do Itaúna, em Caratinga, bem de perto! e tudo dizia que se eu saltasse, um dia, não seria um espanto, para ele...Ele já sabia de meu gosto pela escrita. Quando parava para abastecer ou fazer qualquer coisa, como martelar os pneus, lavar o párabrisa, aspirar a cabine, lá estava eu com meu caderninho de viagem...escrevendo...escrevendo...e ele perguntava: "o que tanto tu anota aí?
E eu dizia: "Aqui é meu diário de viagem, para eu não esquecer de Minas Gerais, dessa estrada longa". E no jeito desavergonhado de seu Pedro de ser, arrematava: "Tu foi feita nessas estradas, no caminho para Belo Horizonte, lembra, não? Por isso, gosta tanto dessas pedras, dessas serras, desses rios!... Eu já cai num rio desses uma vez, sabia,?! Você nem tinha um ano. Fiquei preso no pedal do carro e quase morri....um dia conto!"
....Mas eu já sabia dessa
história, minha mãe já havia contado uma vez.... e meus olhos voltavam-se para
a ponte sob o rio amarelado de Governador Valadares..."um rio enorme...do
tamanho do mundo...porque chegava em outro Estado"... pensamento que me vinha
sempre que ali passava...e me lembrei dos olhos arregalados, grudados no vidro
da janela do ônibus da empresa Transcariri...
na primeira vez que ali passara, em 78...e é que ainda nem conhecera o São Francisco ainda...outro grande rio de minha vida e de meus diários de viagem!
Por isso, me dói tanto, ver as águas do Rio Doce...enlameadas de morte...
na primeira vez que ali passara, em 78...e é que ainda nem conhecera o São Francisco ainda...outro grande rio de minha vida e de meus diários de viagem!
Por isso, me dói tanto, ver as águas do Rio Doce...enlameadas de morte...
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