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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Articulista escreve sobre a banda de música de Caicó

Recreio Caicoense

Por Fernando Antonio Bezerra*

O seridoense tem uma vinculação especial com a música, especialmente, com as Bandas Filarmônicas, poetas repentistas e sanfoneiros. Mas, particularmente, cada recanto do Seridó tem – ou teve – uma Banda Filarmônica. Os que estudam mais o assunto esclarecem que a Filarmônica deriva da Banda Militar, todavia, tem repertório mais amplo e, de fato, é uma escola de música que democratiza o acesso à cultura e ajuda a elevar o nível educacional em nossa região. Caicó tem a alegria de ter sua própria Filarmônica. Aliás, alegria que gera alegria!

Segundo pesquisa de Itamar de Souza para a Fundação José Augusto “a primeira banda de música de Caicó foi organizada pelo maestro Tertuliano, por volta de 1876, com a denominação de Banda de Música Caicoense. Em 1907, o Dr. José Augusto criou a Recreio Caicoense, tendo sido seu maestro o prof. Manuel Fernandes. Foi desativada, reaparecendo em maio de 1955. Sua primeira retreta foi executada em frente à residência do Dr. Antonio Aladim, a 1º. de janeiro de 1908”.

Em qualquer conta, portanto, já se vão mais de 100 anos. É, seguramente, uma das instituições mais antigas da cidade ainda em funcionamento. Por lá, inúmeros músicos já executaram as mais belas páginas musicais escritas pelo ser humano. De lá, inúmeros ouvintes se deliciaram com a produção de sons que, inexplicavelmente, constroem e reconstroem sentimentos, lembranças e atitudes. Não é a toa que Chico Buarque cantou:

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A Banda Recreio Caicoense, em particular, já passou por todas as pessoas da cidade, em momentos que vão desde a felicidade de festas e de celebrações até a serenidade da alma diante do crepúsculo da vida. O vasto repertório – de valsas, tangos, maxixes, marchas – se amolda a cada ocasião e, por vezes, inclui gêneros mais recentes como o samba e o forró. Todavia, é na execução de dobrados que a Banda Filarmônica se agiganta, tanto pela singularidade do gênero, quanto pela profundidade e cadência de suas notas musicais. Dobrados clássicos como “Batista de Melo, Cisne Branco, Ernesto Galvão, Saudade da minha terra, Mobral, Caetano Dantas, Onze de Dezembro, Manoel Victoriano” se misturam a tantas outras composições que adornam as apresentações das Filarmônicas, em especial, da Banda Recreio Caicoense que, a cada julho, é parte integrante, indispensável, indissociável da Festa de Sant´Ana de Caicó!

Durante a Festa, os músicos se desdobram para atender a todos os compromissos. Desde a alvorada, às 5 horas, até a participação na Novena de Sant´Ana e no Coreto da Praça, o dia corre embalado ao som de memoráveis peças sob a batuta de dedicados maestros. Aliás, além dos primeiros maestros, outros nomes de destaque - mestres do ensino e da música – merecem ser lembrados, dentre os quais, José Ezelino, José Mário, Manoel Victoriano de Fontes, Luiz Paulo Filgueira, Manoel Paulo da Cunha, já falecidos.

O atual maestro, Antônio Medeiros de Araújo (Totó Medeiros), por sua vez, merece um registro adicional. Filho de Severino Salvino de Medeiros e Dalvací de Araújo Medeiros, Totó Medeiros nasceu, aos 08 dias de novembro de 1964, marcado para ser um grande músico e um dedicado mestre. Ele tem plantado a semente da boa música e da formação cidadã em Caicó e em várias cidades do Seridó onde atua como maestro e professor. Sob sua liderança a Banda Recreio Caicoense tem caminhado, formando novos músicos, descobrindo mais talentos. Mas, a tarefa não tem sido fácil. Totó Medeiros e seus músicos precisam ser apoiados. Não me refiro apenas ao Poder Público, mas um apoio que é reclamado de diferentes formas e estendido a vários segmentos da sociedade caicoense. O fato incontroverso é a importância do trabalho de Totó! E, ainda, a abnegação de seus músicos, a beleza da história e a qualidade da Banda Recreio Caicoense.

Também é indiscutível que a Banda completa a Festa. Não duvido que Sant’Ana, diante da visão beatífica, pare para ouvir “Recreio Caicoense” e aplauda, com os mestres Tonheca, Felinto Lúcio Dantas e outros seridoenses da música, a harmonia dos acordes que chegam ao Céu.

*Fernando Antonio Bezerra é potiguar do Seridó/ com post na página do Bar de Ferreirinha.

Abaixo, vídeo com a Banda de Música Recreio Caicoense:



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