Foto: Luis Oliveira/Sesai-MS
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A realidade do mundo
tecnológico também é hoje uma realidade na vida indígena. Nesse processo de
avanços, o índio brasileiro se rendeu às maravilhas da tecnologia e informação.
Essa realidade pode ser constatada no evento da 5ª Conferencia Nacional de
Saúde Indígena, que ocorre em Brasília até sexta-feira (6), onde nos estandes
de acesso à internet é frequente a presença indígena interagindo com o mundo
virtual.
Tanto adultos como
crianças têm se revezado para conectar-se aos computadores instalados pela
organização do evento. Sentado na ponta esquerda de um estande, o menino Lucas
Togogebado, 9 anos, fica atento a um vídeo na internet. “Gosto de ver jogos”,
disse. Lucas veio de Barra do Garças (MT), comunidade Boró, tem sete irmãs
índias e concluiu o 2ª ano do ensino Fundamental.
Outro índio conectado,
Cesar Terena, 39 anos, participa da conferência como delegado, representante
dos trabalhadores em saúde do Polo Base Aquidauana, Distrito Sanitário Especial
Indígena (DSEI) Mato Grosso do Sul.
Cesar é técnico de
enfermagem na Aldeia Bananal, e como profissional de saúde disse que é
necessário esse contato com as novas tecnologias. “Para estreitar essa
distância, sobretudo no acompanhamento de novas informações relacionadas à
evolução da saúde”, ressalta. Segundo ele, sempre busca pesquisas em páginas
confiáveis, além de inteirar-se de informações do noticiário, ao seu redor e do
mundo. Cesar entende que esse contato direto com a cidade, o urbano, é um mal
necessário. “Não temos como fugir”, resume.
Nas aldeias, a
proximidade das comunidades indígenas aos centros urbanos é mais um fator de
acesso aos instrumentos disponíveis de informação e comunicação, recursos
vitais para as relações com a própria comunidade.
Um bom exemplo, presente
no evento da 5ª CNSI, é o índio Kamikia Kisêdjê, 29 anos, nome de sua etnia.
Ele mora no Xingu e tem como parceiro Jairao Kuikuru, onde produzem material
para um jornal em vídeo da comunidade. “Fizemos primeiramente um DVD com
notícias referentes a nosso povo e lançamos em maio deste ano”, informa
Kamikia, que não concluiu os estudos do Fundamental. Para a próxima edição, ele
diz que juntou material das etapas locais e distrital desta conferência e agora
da etapa nacional. “Nossa expectativa é lançá-lo até o final do mês”, revela,
esclarecendo que todo evento que participa salva as informações na página de
seu Facebook.
A reflexão sobre os
impactos desse mundo tecnológico na vida indígena tem sido analisada sobre
muitos aspectos e controvérsias, porém, observa-se que os novos recursos
servem, também, para uma maior visibilidade e preservação da memória das
comunidades indígenas.
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