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domingo, 4 de agosto de 2013

Dominguinhos menino acochava no melé

Foto de acervo da família de Basílio Ginane
Por João Bosco de Araújo
Jornalista boscoaraujo@assessorn.com  

Viver na simplicidade não é comum às pessoas que vivem na celebridade. As luzes dos holofotes, ou como queira, a mídia, afegam o ego, endeusa a índole das pessoas. Não foi o caso de Dominguinhos.
 
Neste momento em que o sanfoneiro partiu, logo quando o Papa Francisco pisava em solo brasileiro, aquele que assumira a simplicidade de Francisco, o Santo, me recordo de suas apresentações, o artista, em Natal, e que em certa ocasião fiquei emocionado ao ouvir seu relato de ainda criança tocando na porta do principal hotel de Garanhuns, sua terra natal.
 
Na maior categoria, após desgrudar da sanfona por alguns minutos e prosear com o público, ele conta fragmentos de sua infância. Orientados por sua mãe, ele e mais outros dois irmãos saíam para tocar na feira da cidade como meio de ajudar na renda da família, dizia.
 
Nesse dia fiquei sabendo que sua iniciação - se não estou enganado ele seria o mais novo do grupo - fora de percursionista, porque o irmão mais velho tocava o fole e ele acompanhava, acochava, no “melé”, que seria uma mini-zabumba, instrumento feito artesanalmente da sobra da vasilha do litro de óleo com ponta de borracha retirada da câmara de ar de pneu de automóvel.
 
O trio se apresentava para os visitantes que se hospedavam durante a feira e o dono do estabelecimento certa vez os pediu para que se afastassem um pouco da porta de entrada, indicando um recuo para os artistas mirins.       
 
Mas o tempo foi testemunho e aquele menino já na pessoa aclamada como grande músico brasileiro voltava a pisar sua terra e, ironicamente, hospedado no hotel que um dia fora convidado a se retirar da porta, porta que garantia alguns trocados para levar à sua mãe que aguardava para completar a feira da semana.
    
Dominguinhos falava com orgulho, é verdade, apesar de sua humildade peculiar. O tempo o fez um artista de talento, acumulando brilhantemente uma carreira de sucesso, iniciada pelas mãos de outro gênio da sanfona, o rei do baião, tornando-se o maior discípulo de Gonzagão na musicalidade nordestina.    
 
Luiz Gonzaga que em terra potiguar preservou amizade com um caicoense amante do baião, Basílio Ginane, este que por sua vez curtiu também o carinho por outro grande nome da sanfona, Dominguinhos.
 
A vida é simples, basta saber viver!
 
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