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sábado, 1 de junho de 2013

Os dois lados de Cuba a sedutora do Caribe

Um país romântico que atrai por sua beleza, simpatia e sua polêmica saga
 
Por Jomar Morais*



Foto: Portal Planeta Jota
Caminho no fim de tarde pelo Malecón de Havana. É um momento de beleza e poesia. O crepúsculo destaca os edifícios no semicírculo da baía, confrontando as ondas que se debatem contra o imenso paredão. Havana é romântica e, nessa hora, o Malecón - e, fora da orla, os muitos parques e praças da cidade - ficam repletos de crianças e de casais.
 
Havana é pobre e não adianta buscar aqui facilidades high-techs a que estamos acostumados. Inclusive a Internet, que na ilha é básica, cara e, na maioria das vezes, não funciona. Nem os hotéis de luxo de cadeias internacionais superam limitações como essa.
 
Mas Havana consegue driblá-las com o charme de seu patrimônio histórico-arquitetônico, a mística do duelo de Cuba com o gigante americano e, sobretudo, com a simpatia de seu povo. Vale a pena conhecê-la e a toda essa ilha polêmica e desafiadora.
 
À primeira vista, Cuba nos parece parada no tempo. Havana, com 2 milhões de habitantes, choca pela deterioração de grande parte da cidade. E mesmo áreas rurais de rara beleza e boa qualidade de vida, como Pinar del Rio e Vinhales, nos causam a impressão de uma viagem ao passado.
 
Prender-se a isso, porém, seria avaliar Cuba apenas por critérios mercadológicos (e ideológicos), sem levar em conta sua saga histórica e sua opção por um modelo social que lhe parece mais justo e igualitário - um enorme desafio, tumultuado pelo jogo político interno e externo e, principalmente, pelo lado escuro da condição humana, hábil em sabotar toda utopia.
 
A importância estratégica de Havana no período colonial concedeu-lhe o privilégio da atenção e de investimentos espanhóis que a tornaram a cidade mais relevante do Novo Mundo. Nada disso, no entanto, beneficiou a massa de pobres e escravos de Cuba, cuja má sorte continuaria após a independência e a abolição da escravatura, nas décadas em que o país viveu sob orientação direta dos Estados Unidos.
 
Nesse tempo, Washington não só indicava candidatos a presidente, como pagava os salários dos primeiros mandatários de Cuba. Empresas americanas ditavam a economia e a máfia instalou uma sucursal em Havana, cujo marco era o luxuoso Hotel Rivera. Jogo e prostituição disseminaram-se, num ambiente de insensibilidade social e racismo contra a maioria crioula.
 
Acrescente-se a tudo isso a dura repressão policial do último presidente avalizado por Washington - Fulgêncio Batista - e se entenderá porque, há 54 anos, um punhado de jovens guerrilheiros conseguiu derrubar o governo e como Fidel Castro, atuando sobre o sentimento anti-americano e as marcas da discriminação social, pôde dar a guinada socialista, jogando dados no cenário da "guerra fria".
 
Garantir habitação, ainda que precária, alimentação básica, educação e assistência médica ainda hoje é a visão do paraíso para quem não tem acesso a esses direitos essenciais. Por essa segurança mínima e fundamental, os homens podem até abrir mão (por algum tempo) de liberdades individuais, não raro tisnadas de vil egoísmo.
 
Foi o que aconteceu em Cuba, com a sua revolução socialista. Mas aí, como em todo evento de tomada do poder pela força, logo manifestou-se outro lado da história...
 
 
*Jomar Morais é jornalista e tem um portal na internet, Planeta Jota
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