Um
país romântico que atrai por sua beleza, simpatia e sua polêmica saga
Por
Jomar Morais*
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Foto:
Portal Planeta Jota
|
Havana é pobre e não adianta buscar aqui facilidades
high-techs a que estamos acostumados. Inclusive a Internet, que na ilha é
básica, cara e, na maioria das vezes, não funciona. Nem os hotéis de luxo de
cadeias internacionais superam limitações como essa.
Mas Havana consegue driblá-las com o charme de seu
patrimônio histórico-arquitetônico, a mística do duelo de Cuba com o gigante
americano e, sobretudo, com a simpatia de seu povo. Vale a pena conhecê-la e a
toda essa ilha polêmica e desafiadora.
À primeira vista, Cuba nos parece parada no tempo.
Havana, com 2 milhões de habitantes, choca pela deterioração de grande parte da
cidade. E mesmo áreas rurais de rara beleza e boa qualidade de vida, como Pinar
del Rio e Vinhales, nos causam a impressão de uma viagem ao passado.
Prender-se a isso, porém, seria avaliar Cuba apenas
por critérios mercadológicos (e ideológicos), sem levar em conta sua saga histórica
e sua opção por um modelo social que lhe parece mais justo e igualitário - um enorme
desafio, tumultuado pelo jogo político interno e externo e, principalmente,
pelo lado escuro da condição humana, hábil em sabotar toda utopia.
A importância estratégica de Havana no período
colonial concedeu-lhe o privilégio da atenção e de investimentos espanhóis que
a tornaram a cidade mais relevante do Novo Mundo. Nada disso, no entanto,
beneficiou a massa de pobres e escravos de Cuba, cuja má sorte continuaria após
a independência e a abolição da escravatura, nas décadas em que o país viveu
sob orientação direta dos Estados Unidos.
Nesse tempo, Washington não só indicava candidatos a
presidente, como pagava os salários dos primeiros mandatários de Cuba. Empresas
americanas ditavam a economia e a máfia instalou uma sucursal em Havana, cujo
marco era o luxuoso Hotel Rivera. Jogo e prostituição disseminaram-se, num ambiente
de insensibilidade social e racismo contra a maioria crioula.
Acrescente-se a tudo isso a dura repressão policial
do último presidente avalizado por Washington - Fulgêncio Batista - e se entenderá
porque, há 54 anos, um punhado de jovens guerrilheiros conseguiu derrubar o governo
e como Fidel Castro, atuando sobre o sentimento anti-americano e as marcas da discriminação
social, pôde dar a guinada socialista, jogando dados no cenário da "guerra
fria".
Garantir habitação, ainda que precária, alimentação
básica, educação e assistência médica ainda hoje é a visão do paraíso para quem
não tem acesso a esses direitos essenciais. Por essa segurança mínima e fundamental,
os homens podem até abrir mão (por algum tempo) de liberdades individuais, não
raro tisnadas de vil egoísmo.
Foi o que aconteceu em Cuba, com a sua revolução
socialista. Mas aí, como em todo evento de tomada do poder pela força, logo manifestou-se
outro lado da história...
*Jomar Morais é
jornalista e tem um portal na internet, Planeta Jota
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