Foto: Divulgação/DN
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A peça tem personagens de carne e osso, mas nenhum
deles é protagonista. Em "Bodocongó", o papel principal é do tempo -
essa entidade física que perpassa as transformações do mundo e cuja contagem é
uma invenção humana. É ele que fascina o cineasta Jeremias Ferreira,
persistente em sua ideia de registrar a vida em sua fazenda ao longo de 40
anos.
Atores de "Bodocongó" em cena: um cineasta
e suas aspirações artísticas em conflito com o tempo e sua comunidade de
"protagonistas reais"
A partir desse mote, o espetáculo da Cia. Teatro
Epigenia (Paraíba) propõe uma reflexão sobre a criação artística e sobre o
próprio desenrolar da existência humana, passando por aspectos como o desejo do
criador de se imortalizar por meio da obra, as transformações do mundo e seu
impacto na vida das pessoas.
A montagem passa por Fortaleza amanhã e nos dias 1 e
2 de junho. Foi inspirada em um conto homônimo do jornalista e escritor
pernambucano Astier Basílio (radicado em Campina Grande). A direção é do
carioca Gustavo Paso, que já assinou peças como "Em nome do jogo",
"A moringa quebrada" (2012) e "Ariano" (2010). Essa última,
aliás, foi a primeira parceria entre Basílio e Paso, cujas cenas cortadas foram
posteriormente retrabalhadas pelo jornalista e deram origem ao roteiro de
"Bodocongó".
Híbrido
O novo espetáculo mistura elementos da linguagem
teatral e cinematográfica, com inserções de vídeo e trechos filmados da
narrativa. Na história, Jeremias decide filmar a passagem do tempo em sua
fazenda, chamada Engenho da Luz, onde ele não permite interferências do
"mundo exterior".
O cineasta considera esse "estado natural das
coisas" parte fundamental de sua obra de arte. Atraídas pelo sonho da casa
própria, as pessoas interessadas em morar na fazenda aceitam o acordo.
Porém, quando as vilas e fazendas vizinhas começam a
se transformar, especialmente com a chegada da luz elétrica, a comunidade de
Engenho da Luz passa a requerer os mesmos avanços.
Instala-se, então, um conflito entre o ideal de
Jeremias, os "protagonistas" de sua obra e uma importante melhoria em
suas vidas (a eletricidade). Resta a pergunta: quem vence, o artista ou o
tempo? A arte ou as adaptações exigidas pelo mundo?
"Bodocongó" já passou por Campina Grande,
João Pessoa, Sousa (Paraíba), Crato e Juazeiro do Norte . Depois de Fortaleza,
segue para Natal, Caicó e Mossoró (Rio Grande do Norte).
Planos
Segundo Gustavo Paso em material de divulgação do
trabalho, pela mistura de linguagens que compõe a narrativa de "Bodocongó",
a peça pode receber novos elementos ao longo do período de apresentações,
constituindo uma obra em constante transformação.
O próprio Paso realiza as filmagens dos vídeos
inseridos na montagem. A experiência agradou tanto o diretor que o mesmo pretende
transformar a peça em um filme. O longa- metragem deve levar o mesmo nome e
também misturar teatro e cinema, além de características da ficção e do
documentário.
Além do material já filmado para a estreia e durante
a turnê da peça, Paso planeja uma terceira etapa de gravações, dessa vez no Rio
de Janeiro, onde se passa parte da história de "Bodocongó".
Mais informações
Espetáculo Bodocongó. Amanhã, sábado (1) e domingo
(2), às 20h, no Teatro Sesc Emiliano Queiroz (R. Gen. Clarindo de Queiroz,
1740, Centro). Ingressos: distribuídos gratuitamente uma hora antes da sessão
(sujeito à capacidade da sala). Contato: (85) 3464.3108
Adriana
Martins
Repórter
Diário do Nordeste
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1273180
Luciano
Sá
Assessor
de Comunicação e Cultura
Banco
do Nordeste do Brasil
Cel.:
(85) 8736.9232
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