Por Flávio Rezende*
As pessoas de
bem neste recanto de canto planetário chamado Brasil andam acumulando estresses
por uma série de acontecimentos pessoais e coletivos.
Muitas famílias ficam muito revoltadas quando
observam criminosos que mataram seus filhos e/ou parentes, soltos devido a
erros na formulação dos pedidos de prisão ou respondendo em liberdade devido a
leis que mais parecem mães diante das monstruosidades eternizadas na vida de
alguns.
Pagadores de impostos em geral andam muito chateados
com os serviços públicos que são mantidos com estes recursos, pelo fato de não
atenderem as mínimas demandas, causando perda de tempo, idas e vindas, falta
disso e daquilo e uma série interminável de decepções em todos os níveis.
Usuários dos sistemas de transporte, saúde,
educação, segurança contam aos quatro cantos desventuras nestes setores, todos
carentes de operacionalidade e racionalidade, enervando, pirando e tirando a
paciência de todos os cidadãos, independente de classe social e poder
econômico, pois até os mais abastados dependem também do bom funcionamento das
coisas relacionadas a estes setores.
Todos os problemas que ocorrem no cotidiano das
pessoas geram no interior das mesmas, um esquentamento sanguíneo, levando-as a
uma necessidade de publicitação da revolta, com uns utilizando as mídias
sociais, outros saindo às ruas, outros procurando ouvidorias, Procons, imprensa
e, até alguns partindo para decisões pessoais de caráter vingativo e igualmente
criminoso.
A revolta do buzão começou em todo o Brasil com a
intenção de atrair atenção da população, da mídia, das autoridades e dos
empresários para a questão do aumento das tarifas e da melhoria no transporte
público de várias cidades, mas, diante deste sentimento global de insatisfação
com tantas coisas, está começando lentamente a migrar para uma revolta mais
ampla, seguindo mais ou menos tendência mundial em movimentos que começam por
um motivo e, enveredam por outros.
Não vou aqui me posicionar de maneira mais ampla
sobre os muitos ângulos do assunto, tendo apenas a intenção de fazer o link
desse movimento que agora fortemente reprimido, começa a ganhar corpo e atrair
outros seres indignados com estas tantas coisas por ai, podendo ou não
convergir para uma grande revolta que abrace todas as causas não devidamente
resolvidas pelos poderes em geral e iniciativa privada.
Alguns empresários são louvados pela ousadia de
empreender e ofertar empregos, mas, também são muito gananciosos e exploram os
trabalhadores e as populações, podendo ter menos lucros e empresas mais
humanizadas. O Ministério Público é saudado com carinho por suas investigações
bem vindas, mas não se contenta com altos salários e busca auxílios disso e
daquilo, afrontando a população empobrecida.
Políticos em geral agem egoisticamente, negociando
votos e posições, traindo os sonhos de uma nação e, na soma de todos estes
acontecimentos, um vulcão de indignação, de revolta, de raiva e de ódio, cresce
e se forma, sendo natural que o magma condutor deste conjunto de chateações,
aconteça em erupções por várias partes do Brasil, criando assim o solo fértil
para a guerrilha urbana, formação de grupos políticos radicais o que,
inevitavelmente, chama a reunião dos militares para decisões mais radicais,
divisão da sociedade, conflitos filosóficos e ideológicos e, o caos instalado.
Se o governo não procurar resolver os problemas
enquanto eles são pequenos, obrigando empresários a investir mais seriamente em
seus ônibus, reduzindo impostos como já o fez, construindo paradas de ônibus
dignas, dando condições para que parcerias sejam interessantes para todos na
criação de metrôs, trens e resolvendo de vez este sério problema de transporte,
a revolta do buzão vai virar a revolta do mundão e, no mesmo bonde, vão
embarcar todas as revoltas, quebrando paradas e evitando assim, que a condução
não tenha mais onde parar, até descarrilhar e, o País, mergulhado em caos, não
tenha mais como sua nau navegar em águas razoavelmente calmas.
*É escritor, jornalista e
ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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