Se povo entender, a
coisa vai
Por Rinaldo Barros*
Dizem que é errando que se aprende. Mas, em
educação, o patropi errou tanto e por tanto tempo e parece que não aprendeu.
Isso porque manteve o erro em vez de corrigi-lo.
A passividade do continuísmo, do insatisfatório,
levou o Brasil ao que estamos reduzidos hoje: somos um dos últimos
classificados no ranking mundial da educação escolar, apesar de o nosso PIB
estar entre os dez maiores do mundo.
Numa simples leitura, o Brasil está mais rico do que
educado.
Relembro aqui que existe a grande massa da população
que é pobre e sem a educação formal que a capacite a qualquer trabalho mais
elaborado que o braçal.
Pra complicar ainda mais, ultimamente, os
professores têm sido responsabilizados pelos pais para educarem os seus filhos,
numa sobrecarga que não lhes compete. Por outro lado, cobra-se uma educação de
melhor qualidade, sem o mínimo de material necessário de formação atualizada,
de valorização pessoal, de salário compatível com a sua importância na
construção de uma sociedade saudável.
Nenhum jovem brasileiro quer ser professor, mas
muitos querem ser políticos. Até mesmo os "cassados" não abandonam a
política, enquanto professores competentes abandonam suas carreiras para
poderem sobreviver financeiramente ou, pior, escapar da violência nas escolas.
O meu maior desejo é que cada professor tivesse, a
cada semestre, as férias dos seus sonhos, junto às pessoas queridas, com tudo
pago, desde os preparativos até o álbum de recordações. Que descansassem as
mentes com atividades lúdicas, culturais, baladas, festas, passeios,
restaurantes, shows, e tudo mais que tivessem vontade na hora... Não custa
sonhar, nem desejar o bem às pessoas que merecem.
Todos precisam nutrir seus corpos e mentes com
exercícios fisiológicos e psicológicos, como andar, dormir, alimentação
saudável, passear por parques, visitar museus, ir a cinemas e a teatros - tudo
isso envolvendo principalmente os filhos no que for possível.
Todavia, o meu maior sonho mesmo é ver reinventado o
respeito pelo papel social do professor em nossa sociedade. Ver um dia os
estudantes de todos os níveis levantarem-se ao perceber a chegada do professor
em sala de aula. E somente se sentar com a permissão do mestre. Para os mais
novos, informo que isso já existiu um dia aqui mesmo no patropi.
Como diz Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação
(demitido – por telefone – pelo apedeuta e ex-presidente Lula), “educacionista
é a pessoa que acredita na educação como um dos pilares da recuperação do
Brasil”.
Todos os professores brasileiros poderiam tentar
despertar o educacionismo profundamente adormecido dentro de si, ou até mesmo
recuperá-lo do coma que entrou por tanto descaso que sofreu.
A boa notícia é que a ciência já pode ajudar na
construção de um modelo de gestão que permita conciliar a preservação dos
recursos naturais com as pressões advindas do aumento populacional, da
concentração urbana e do desenvolvimento econômico.
Um dos caminhos possíveis é o desenvolvimento de
novas tecnologias de manejo (a serem adotados nos planejamentos urbanísticos),
que contribuam para a redução do impacto da urbanização.
Nesse sentido, ciência e técnica apresentam-se como
instrumentos para buscar soluções para os problemas socioeconômicos, inclusos
os do processo ensino-aprendizagem para a transmissão do conhecimento às novas
gerações.
Ou seja, temos a faca e o queijo para transformar o
patropi num país cada vez mais rico, mas – principalmente – numa sociedade mais
educada para construir o porvir com mais dignidade.
Falta cumprir a “filosofia” de cumpade João: “se o
povo entender, a coisa vai”.
*Rinaldo Barros é
professor – rb@opiniaopolitica.com
-
Com postagem na página
do Cortez
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