Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Vá seguindo na estrada, olhando a paisagem. A
vegetação está seca, descolorida, cinzenta. O rebanho é pequeno, mirrado, couro
e osso. O cenário de tristeza se projeta na contração de seu rosto. Trinta dias
passados participei da conversa em que o seridoense, desolado, lamentava a
perda do pequeno rebanho de sua família, coisas da seca. Em sua volta, o rosto
contraído dos amigos. E tudo isso compondo um cenário que, apesar de tudo,
ainda acenava com a esperança de chuvas. Fé que se projeta pelos dias de março.
Trinta dias depois daquela conversa, tive outra,
rápida, com personagem diferente. Final de semana fui à praia, Redinha, já em
tempos de poucos veranistas. O esquecimento de algum produto na relação das
compras me mandou à mercearia. Chovia fino e o céu anunciava que a água
continuaria a cair. Risonha, a mulher do caixa recebia os fregueses contando
sobre as notícias de que, o dia acabando de nascer, lá pelas 5 horas, recebera
da irmã que mora em uma fazenda perto de Alexandria. Era notícia de chuva.
Falava, tal sua alegria, como se todos conhecessem
sua irmã: “Iracema me telefonou dizendo que as galinhas estavam todas ciscando
no terreiro, uma coisa linda”. E exibia as fotos que recebera, pelo telefone,
vindas lá do Oeste. Estavam lá gravadas as imagens das galinhas em festa em
volta da casa. A mulher do caixa repetia a notícia a quem chegava. Lembrei da
conversa de trinta dias passados e reparei na diferença das reações. Agora, a
alegria da mulher iluminava o rosto dos fregueses e provocava neles frases de
otimismo. Tomara ouvir novas conversas assim e que, a partir de agora sejam
fruto de notícia como a enviada por Irecema, lá do Oeste, à irmã da moradora da
Redinha. Notícias que melhoram a vida e o rosto das pessoas.
*Texto publicado na coluna
do jornalista no NOVO JORNAL
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