--- Walter Medeiros –
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Um casal de servidores públicos com mais de trinta
anos de serviços prestados ao estado e com realizações importantes na sua
trajetória funcional é atingido duramente pela perversidade do assédio moral no
trabalho. Os servidores tinham se aposentado pelo INSS, mas optaram por
continuar trabalhando, com a concordância da empresa estatal através da qual
ingressaram no serviço.
Redistribuídos para a Secretaria Estadual de Saúde,
os servidores passaram a fazer jus a uma gratificação de produtividade. Mas a
área de recursos humanos do órgão resolveu ignorar e não pagar o direito dos
servidores. Eles resolveram requerer formalmente e tiveram o pleito acatado
pela Assessoria Jurídica e o Secretário mandou pagar. Porém apareceram chefes
intermediários que acharam de descumprir a determinação superior.
Na busca de informações sobre as razões da omissão
funcional, o coordenador de recursos humanos, atropelando a determinação
superior e de forma autoritária mandou resubmeter o assunto à Assessoria
Jurídica. Os servidores discordavam da determinação, mas mesmo assim anexaram
mais documentos e repassaram todas as informações necessárias ao esclarecimento
do assunto. De nada adiantou. Ignorando tudo e numa clara mostra de
predisposição, o novo parecer negava o direito aos servidores.
Durante cerca de um ano aqueles servidores tentavam
explicar seus direitos, mas não lhe eram dados ouvidos. Ao contrário, passaram
a se sentir chacoteados cada vez que entravam nas salas das chefias
intermediárias para tratar do assunto. Cada tentativa que faziam recebiam
sempre não e afirmações absurdas como “vocês são aposentados” e “vocês não têm direito”.
Diante de tanta arrogância e violência, resolveram
fazer um último apelo, escrevendo uma carta ao novo Secretário, supondo que por
estar há pouco tempo no cargo poderia não ter informações suficientes sobre o
ocorrido. Nova frustração: o secretário mandou anexar a carta ao processo, mas
assinou despacho que não levava em conta nada do que os servidores alegaram e
lhe informaram.
Depois desse despacho, tudo piorou: os servidores
foram chamados de volta do órgão onde estavam trabalhando para a coordenadoria
de Recursos Humanos e a coordenadoria simplesmente os deixou sem lotação. Não
teriam mais lugar para trabalhar, enquanto o assunto seria submetido à
Secretaria da Administração, para se pronunciar a respeito. Ou seja, mais uma
forma de protelar o pagamento do direito dos servidores, que seria
desnecessária tendo em vista que tudo que precisava saber sobre a condição dos
servidores estava no processo. Bastava fazerem uma leitura atenta e menos
descuidada.
Os servidores não tiveram outra alternativa, senão
buscar os seus direitos na Justiça do Trabalho, onde entraram com reclamações
mostrando que os seus vínculos estavam corretos, pleiteando o pagamento da
devida gratificação e, em consequência de todos os constrangimentos,
humilhações, estresse e problemas de saúde, pedindo indenização por danos
morais, decorrente do assédio moral experimentado.
Mais lamentável ainda naquilo tudo era o fato de
passarem por assédio moral na Secretaria da Saúde, exatamente o órgão que seria
responsável pela criação de políticas públicas capazes de evitar, enfrentar a
coibir tal conduta ilegal, arbitrária e criminosa. Para tanto, aquele órgão
teria por obrigação seguir a orientação da uma Cartilha do Ministério
denominada “Assédio Moral”. Agia na contramão da história aquela Secretaria.
A tramitação do processo, com despachos, audiências,
instrução com documentos e testemunhas, passou a ser mais um período de espera
aflitiva para os servidores. Uma longa caminhada indesejada, desde o momento em
que foram forçados a procurar um escritório de advocacia até a hora da Sentença
Judicial.
As vítimas do assédio são este jornalista e esposa,
uma assistente social - casados há 36 anos. Estes momentos, atos e fatos
surpreendentes, que findaram compondo um exemplo bastante esclarecedor sobre a
injusta negativa de direitos e a prática e o enfrentamento do assédio moral no
trabalho devem ter um ponto nesta data: hoje a juíza publica a sentença no
primeiro processo.
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