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sábado, 11 de agosto de 2012

Pare o tempo até que os hospitais se estruturem

Por Albimar Furtado*
Jornalista albimar@superig.com.br

Quem leu, certamente ficou indignado. Li e sofri com a matéria da visita do presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eduardo da Silva Vaz, que em Natal visitou o “Sandra Celeste” e constatou: não tem aparelho de Raio-x, zerado de oxigênio, falta papel de prontuários, médicos poucos. Telefone? Foi cortado. E concluiu que não se pode deixar uma criança “perambulando por Natal para fazer alguns exames simples”.

A indignação só chega completa se você, depois da leitura, se imaginar no lugar de quem cuida das crianças que necessitam, com frequência ou mesmo vez por outra, de buscar as estruturas criadas para zelar pela saúde delas. E esse lugar, essa tarefa, é sempre da mãe. Acordar cedo com o cantar do galo (ainda é ouvido em algum lugar?), café pouco e apressado, deixar a casa cuidada e correr em busca do tratamento médico para o filho.

Criança no braço, o sol ainda saindo, ela anda um pouco até chegar à primeira fila, a do ônibus. Espera um pouco. No transporte, empurra com a força da mente a velocidade desenvolvida para chegar rápido e pegar um lugar bom na nova fila que enfrentará na chegada ao hospital. Finalmente está ali, juntando-se ao bloco das muitas outras que a exemplo dela, também acordaram com o alvorecer, apressaram-se nos afazeres domésticos e saíram na esperança de ter de volta a saúde de quem precisa de sua proteção.

Esperam. Ouvem informações típicas de quem está querendo ganhar tempo, de quem se esforça para anunciar explicações para problemas que se arrastam com o tempo, e se arrastam, se arrastam…

E aí chega a informação daquilo que foi constatado pelo presidente da Sociedade Braileira de Pediatria: não tem raio-x, não tem oxigênio, falta papel para os prontuários, médicos poucos. O menino não vai ser atendido. Marcam uma nova data, como se a doença ficasse ali, estanque, sem evoluir, até que o novo dia chegue e, com a graça de Deus, aconteça o milagre: já se terá o raio-x, o oxigênio, o papel para fazer os prontuários. Criança no braço, desesperançada, a mulher toma o caminho de volta. Nova fila, agora sob o sol forte da manhã, ônibus cheio, trechos para caminhar, a casa, a criança doente sem medicação, à mercê dos humores dos cofres e das decisões do poder público.

*Texto publicado na coluna do jornalista no NOVO JORNAL

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