Por Flávio Rezende*
Tem algumas coisas que exercem grande influência em
nossas vidas, chegando a ter uma força que movimenta, alegra, nos tornando mais
vivos e ativos. Posso citar algumas aqui, que serão aceitas por muitos
leitores.
Cito a força que os filhos exercem sobre todos nós,
levando alguns pais a tomar atitudes radicalmente diferentes em algumas
situações. Vou lembrar uma, bem comum. Quando alguém provoca um acidente pelo
fato de ter bebido, é comum que todos nós condenemos logo o motorista, achando
que é um absurdo a pessoa beber e dirigir, que não tem perdão, se alguém morreu
a pessoa tem que ir preso, tem que pagar indenização a vida toda, etc.
Se for um filho nosso, conhecendo ele, sabendo que
no fundo é uma pessoa boa, que bebeu, mas que não tinha intenção de matar
costumamos então achar que foi uma fatalidade, que nosso filho não merece ficar
preso, que tem uma vida toda pela frente e por ai as coisas vão.
Também temos muita energia para condenar políticos,
governantes, gestores, chamá-los de incompetentes, ladrões e um monte de
coisas, mas, quando assumimos um cargo idêntico e nos encalacramos com a
inércia burocrática do poder, com as dificuldades que fogem do controle e são
quase intransponíveis, tendemos a reconhecer que não basta querer, ter
idealismo, boas ideias, que é preciso paciência, jogo de cintura e que aqueles
que tanto condenamos, não mereciam, muitas vezes, tantas energias negativas e
julgamentos que emitimos.
São muitas coisas que convocam nossas energias para
que se manifestem de maneiras variadas, mas,
tem uma que não tem pareia como diz o matuto. É o
tal do dinheiro. Dias passados estava numa rede, curtindo preguiça, como gosta
de dizer meu dileto amigo Carlos Maia quando, recebi ligação de um cliente
dizendo estar com o pagamento da clipagem de jornais e internet que faço para o
mesmo.
Apesar do sujeito morar do lado oposto da cidade, de
ser por volta de 13h, não contei conversa, pulei da rede, passei um gel nos
rebeldes fios que, aos cinquenta, começam uma revolução capilar no couro que os
abriga e, corri para o carro tomando a direção do apartamento do cliente, cheio
de alegria e de felicidade.
No caminho, comecei a rir comigo mesmo. Já tinha
decidido que naquela tarde assistiria algo da Sky que pago caro e quase não
vejo nada, que utilizaria a esteira do prédio para tentar reduzir umas calorias
e, leria algumas coisas.
Que nada, receber um pagamento um tanto quanto
demorado, pegar no dinheiro e poder fazer algo com ele, me energizou
profundamente e fez o preguiçoso escritor e jornalista ressuscitar e voar até o
gentil pagador.
No caminho, fiquei também refletindo sobre esse
poder do dinheiro. Se eu, que não sou muito obcecado por ele, não contei
conversa e corri para garanti-lo, avalie quem entroniza o vil metal como seu
Deus, como seu ídolo ou como seu objetivo na vida?
Certamente é essa turma que passa por cima de todo
mundo, que cegamente se entrega aos atos corruptos, na ânsia louca e acelerada
de ter sempre uma grande quantidade de dinheiro, pois o apetite de alguns por
ele, é sempre insaciável e não tem remédio, preleção, dogma, ensinamento e bom
exemplo que faça isso mudar.
O tal do dinheiro é importante e necessário, mas,
não deve ser a coisa mais nobre da vida, acredito dá para viver sem que
sejamos, escravos dele.
* É escritor, jornalista
e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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