Walter Medeiros* –
waltermedeiros@supercabo.com.br
O professor José Willington Germano falava para uma
plateia que ocupava o espaço de lançamento de livros da Cooperativa Cultural
Universitária da UFRN, nesta quinta-feira, 21 de Junho de 2012, aludindo a um
novo livro que seria lançado, com o título “O Teatro da Morte e da vida – A
Escrita Barroca de João Cabral de Melo Neto”. Ouvi atentamente, observando
todos os presentes – intelectuais, professores, doutores, artistas e outras
pessoas, que aguardava para aplacar a curiosidade do lançamento.
Naquele momento fiz uma viagem no tempo, para
lembrar de um amigo de turma do Ginásio Industrial que cursamos na Escola
Industrial Federal do Rio Grande do Norte, de 1967 a 1970. Um colega humilde,
simples, tímido, estudioso e caprichoso, que não revelava maiores sonhos para a
sua vida, que não ambientados naquela realidade de pobreza estampada na maioria
da nossa sala de aula, onde alguém com melhores condições de vida era exceção.
Olhávamos para os amigos de turma e sabíamos das
dificuldades que a maioria tinha para estudar, muitos deles com fardas
surradas, famintos e andando quilômetros a pé para aprender a ser gente. Aí
retornei àquele ambiente de elite cultural, onde ouvia um doutor explicar para
o público as bases daquele novo trabalho, que descobria certas ligações nunca
mostradas na literatura brasileira e nordestina, especificamente.
O professor Willington falava de um novo trabalho
que pode ter repercussão internacional, haja vista a abordagem que foi feita,
mostrando importantes entrelinhas do poema de João Cabral de Melo Neto. E não
poupava elogios ao seu autor, presente e ao seu lado, ouvindo atentamente as
palavras do professor, que situava também todos sobre o conteúdo do novo
trabalho.
Quantas pessoas não gostariam de estar naquele lugar,
recebendo menções elogiosas e vivendo momentos gloriosos, com respaldo de
amigos e da sociedade, valorizando a nova obra acadêmica... Uma obra
importante, de qualidade, cujo valor não tenho maiores qualidades para
aquilatar que os membros da mesa de avaliação; mas basta estes terem aprovado e
elogiado, como fizeram, ao analisarem o seu conteúdo.
Estava ali como convidado e senti uma grande emoção
ao participar do brilhante momento de lançamento daquele livro, com longa fila
para autógrafos e uma performance onde o poema de João Cabral de Melo Neto –
Morte e Vida Severina foi declamado, ao som de “Funeral do Lavrador”.
Fui também à mesa buscar o autógrafo para o meu
exemplar. E o autógrafo foi dado por um homem também muito emocionado, o autor:
Francisco Israel de Carvalho. Aquela figura destacada no meio acadêmico vem a
ser aquele mesmo menino da minha turma de ginásio industrial - humilde,
simples, tímido, estudioso e caprichoso – como sempre. Parabéns, Israel!
*Jornalista
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