Por Paulo Tarcísio Cavalcanti*
Jornalista
▶ tarcisiocavalcanti@bol.com.br ▶http://ptarcisio.blogspot.com
A proximidade da campanha eleitoral deste faz voltar
ao centro da discussão uma questão que não é nova: a presença de padres e
outros representantes de religiões como militantes da disputa política.
Tem gente que é contra e tem gente que é a favor.
Há religiões, especialmente, as evangélicas, que até
estimulam a conquista de espaço político-partidário por seus pastores.
Outras, como a Católica, ora admite, ora reprime a
presença de padres na luta partidária.
Ou seja de tempos em tempos, cada Igreja, isto é, cada Diocese, interpreta as
normas do Direito Canônico que estabelecem essa proibição, em função de
circunstâncias e interesses de cada momento.
Agora mesmo, aqui em Natal, o Arcebispo dom Jaime
Vieira Rocha, emitiu comunicado aos padres deixando claro que a sua linha é a
de seguir o que diz o Código de Direito Canônico.
E está lá, no parágrafo 3º do artigo 285: “Os
clérigos são proibidos de assumir cargos públicos que impliquem participação no
exercício do poder civil”. E, mais na frente, no parágrafo 2º do artigo 287, os
clérigos são orientados a evitarem participar de partidos políticos e
associações sindicais”.
Claro, sedimentando esse gesto de dom Jaime Vieira
Rocha, lembrando tais preceitos do Direito Canônico, está o seu zelo
apostólico. A política, não obstante constituir uma das formas mais sagradas do
exercício da cidadania, está sujeita a muitas distorções, a muitos vícios e
possui, em si mesma, um forte conteúdo divisionista.
Ou seja: Para um padre, cuja principal missão é
evangelizar – e evangelizar “gregos e troianos” – quanto menor for o seu
comprometimento com o que divide, com o que separa, com o que distorce, muitas
vezes até sem medir distância, melhor.
É assim que compreendo a orientação e a diretriz que
o arcebispo transmite ao seu rebanho. Agora, até por um dever de justiça, não
posso deixar de reconhecer a grande contribuição que um padre, que eu tive o
privilégio de conhecer, pôde oferecer à política e à administração do Rio
Grande do Norte: o saudoso monsenhor Walfredo Gurgel, que foi governador do
Estado, no período de 31 de janeiro de 1966 a 15 de março de 1971.
Que a lembrança dele e o exemplo que nos deixou
sejam a luz para aqueles que, hoje, para entrar na política, tiverem que fazer
a difícil escolha entre ser fiel ao seu ministério ou buscar nas urnas uma
forma de contribuir para o resgate da atividade
política.
*Texto publicado na
coluna do jornalista na edição desta quarta do NOVO JORNAL
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