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domingo, 20 de maio de 2012

Pneumonias

Por Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN / Paulo_tarcisio@hotmail.com

Todas as vezes que surge uma nova terapia de qualquer natureza que seja e que se propõe a ser uma panaceia, isto é, a cura definitiva de inúmeras patologias ao mesmo tempo, sempre fico com uma pulga atrás da orelha. Por mais “lógico” que pareça, a evolução da ciência não se baseia numa lógica observacional pura – as teorias necessitam de ser postas em provas para que sejam confirmadas, ou não.

Digo isso pois com o surgimento dos antibióticos alguns séculos atrás, imaginou-se que dentro de alguns anos as doenças infecto-contagiosas deixariam de existir. Acreditou-se nisso e, no entanto, somente aqueles que ficaram vivos para ver constataram que não foi isso que aconteceu. Só existe um método capaz de erradicar doenças infecciosas: as vacinas. Não contávamos, décadas atrás, com a astúcia das bactérias em criarem mecanismos de resistência contra os antibióticos chegando a extremos que não temos o que fazer contra elas!

As pneumonias são um bom exemplo disso. Velhas conhecidas da alopatia, tratam-se de patologias mediadas por uma bactéria, sendo a mais comum delas o “pneumococo” na faixa etária adulta. Em todos nós, seres humanos, bactérias vivem sem geralmente provocarem problema algum na chamada microbiota– na verdade muitas vezes auxiliando em nossa defesa. Misteriosamente, uma importante parcela da população convive com o pneumococo em sua microbiota sem, no entanto, desenvolverem doenças por muitos anos. Sabemos hoje que não basta um “germe” para que uma doença se desenvolva, sendo também necessário o terreno fértil para que ele “germine”.

Como não temos o poder de atuar no “terreno”, isto é, na psique das pessoas evitando que elas desenvolvam as doenças, atuamos nos “germes”. Num adulto normal, as pneumonias costumam se manifestar com febre, tosse cheia com secreção amarelada ou esverdeada, dor quando se respira profundamente e um Rx e exame de sangue sugestivos, embora esses exames não sejam necessários para que se dê o diagnóstico da doença. Isso é o quadro típico num adulto normal. Crianças, idosos e portadores de doenças como AIDS e câncer podem apresentar um quadro completamente diferente e até mesmo jovens saudáveis podem apresentar-se de maneira atípica. Só uma boa avaliação médica pode nos dar o diagnóstico.

O tratamento das pneumonias e com antibióticos e com medicações para a febre. Ressalto, no entanto, que é fundamental que se faça todo o tratamento prescrito pelo médico mesmo que você já se “sinta bem”. Não gostamos de passar remédio e quando o assunto é antibiótico, menos ainda. A interrupção do tratamento pela metade pode ajudar a criar populações de bactérias resistentes aos antibióticos que temos até que não tenhamos com que tratá-las.  À medida que se iniciarem as chuvas, mais e mais doenças respiratórias surgirão.

Na dúvida, procure seu médico e se for confirmada a pneumonia, tome a medicação até o final.
O que “ofende” é não seguir o que está na receita.
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