Por Paulo Tarcísio Neto
Medicina
UFRN / Paulo_tarcisio@hotmail.com
Todas as vezes que surge uma nova terapia de
qualquer natureza que seja e que se propõe a ser uma panaceia, isto é, a cura
definitiva de inúmeras patologias ao mesmo tempo, sempre fico com uma pulga
atrás da orelha. Por mais “lógico” que pareça, a evolução da ciência não se
baseia numa lógica observacional pura – as teorias necessitam de ser postas em
provas para que sejam confirmadas, ou não.
Digo isso pois com o surgimento dos antibióticos
alguns séculos atrás, imaginou-se que dentro de alguns anos as doenças
infecto-contagiosas deixariam de existir. Acreditou-se nisso e, no entanto,
somente aqueles que ficaram vivos para ver constataram que não foi isso que aconteceu.
Só existe um método capaz de erradicar doenças infecciosas: as vacinas. Não
contávamos, décadas atrás, com a astúcia das bactérias em criarem mecanismos de
resistência contra os antibióticos chegando a extremos que não temos o que
fazer contra elas!
As pneumonias são um bom exemplo disso. Velhas
conhecidas da alopatia, tratam-se de patologias mediadas por uma bactéria,
sendo a mais comum delas o “pneumococo” na faixa etária adulta. Em todos nós,
seres humanos, bactérias vivem sem geralmente provocarem problema algum na
chamada microbiota– na verdade muitas vezes auxiliando em nossa defesa.
Misteriosamente, uma importante parcela da população convive com o pneumococo
em sua microbiota sem, no entanto, desenvolverem doenças por muitos anos.
Sabemos hoje que não basta um “germe” para que uma doença se desenvolva, sendo
também necessário o terreno fértil para que ele “germine”.
Como não temos o poder de atuar no “terreno”, isto
é, na psique das pessoas evitando que elas desenvolvam as doenças, atuamos nos
“germes”. Num adulto normal, as pneumonias costumam se manifestar com febre,
tosse cheia com secreção amarelada ou esverdeada, dor quando se respira
profundamente e um Rx e exame de sangue sugestivos, embora esses exames não
sejam necessários para que se dê o diagnóstico da doença. Isso é o quadro
típico num adulto normal. Crianças, idosos e portadores de doenças como AIDS e
câncer podem apresentar um quadro completamente diferente e até mesmo jovens
saudáveis podem apresentar-se de maneira atípica. Só uma boa avaliação médica
pode nos dar o diagnóstico.
O tratamento das pneumonias e com antibióticos e com
medicações para a febre. Ressalto, no entanto, que é fundamental que se faça
todo o tratamento prescrito pelo médico mesmo que você já se “sinta bem”. Não
gostamos de passar remédio e quando o assunto é antibiótico, menos ainda. A
interrupção do tratamento pela metade pode ajudar a criar populações de
bactérias resistentes aos antibióticos que temos até que não tenhamos com que
tratá-las. À medida que se iniciarem as
chuvas, mais e mais doenças respiratórias surgirão.
Na dúvida, procure seu médico e se for confirmada a
pneumonia, tome a medicação até o final.
O que “ofende” é não seguir o que está na receita.
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