Por Paulo Tarcísio Neto
Medicina
UFRN / paulo_tarcisio@hotmail.com
Fundamental para o desenvolvimento de uma boa saúde
é o bom relacionamento com nosso tempo. Nossa sociedade criou um terrível mito
que paira no inconsciente coletivo de nossa população e que todos tomam como
verdade absoluta sem nem pensar direito: “não tenho tempo para nada.” Se você
perguntar a um jovem de 15 anos, em pleno colegial, é muito provável que ele
lhe dirá que “não tem tempo” para fazer isso ou aquilo. Isso se repete com os
universitários, trabalhadores comuns e pessoas em todas as faixas etárias. Em
breve, as crianças também dirão que não tem tempo e quem sabe até nascerão
antes dos 9 meses porque ninguém tem tempo a perder...
É um dos grandes mitos que atormentam os homens de
nosso momento histórico e livrar-se dele é importante passo para que se
desenvolva uma boa saúde. Um dia você encontrará uma pessoa que costuma
trabalhar o dobro do que você trabalha e ter a metade de seu cansaço. Por quê?
Assim como o tempo, estar cansado ou não é um
conceito relativo e não há máxima maior que a de que o tempo – assim como o
dinheiro e a disposição – é questão de prioridade.
Uma boa dica de como organizar melhor o nosso tempo
é sempre anotar num caderninho todas as nossas obrigações. Não confie na sua
mente, pois ela vai te trair. Em seguida, divida tudo o que você tem de fazer
entre coisas urgentes, importantes e circunstanciais.
As coisas circunstanciais devem ocupar no máximo 5%
de nosso tempo e são reservadas para o aniversário de nossa mãe, alguém que
sofreu um acidente etc. Cuidado para não viver procurando pretextos
“circunstanciais” que acabam consumindo todo o nosso tempo inconscientemente.
Em seguida, dividamos nossas obrigações entre as
urgentes e as importantes. Aquilo que é urgente precisa ser feito hoje, ou pra
ontem. Em geral, aquilo que é urgente hoje é algo que era importante ontem e
que fora negligenciado. E a vida entra num terrível ciclo vicioso que nos dá a
sensação que nos falta o ar o tempo inteiro. Num primeiro momento, quando
tentamos nos reorganizar, é sim necessário um sobre-esforço para retirar o
excesso de coisas urgentes que nós mesmos criamos de maneira que cheguemos à
condição ideal de que 70% do nosso tempo seja gasto com coisas importantes e
apenas 25% com coisas urgentes.
Quanto ao descanso, “descanso” é tudo aquilo que nos
“descansa”. Isto é, pense a você mesmo como uma bateria. Depois de 2 horas
vendo televisão você se sente verdadeiramente descansado? Se precisar trabalhar
novamente, tem energia pra isso? Então ver TV nunca foi nem nunca será
descanso. Cada qual deve encontrar aquilo que lhe descansa, mas permanecer
inerte quase nunca tem valor nenhum... já falamos um pouco sobre isso no texto
sobre os “divinos ócios”, publicado alguns meses atrás.
Se não sabemos lidar com nosso tempo, não sabemos
lidar com nosso dinheiro e não sabemos lidar com nossa saúde. Uma coisa está
intimamente ligada à outra.
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