Paulo Tarcísio Neto
Medicina
UFRN / paulo_tarcisio@hotmail.com
Já falei várias vezes nesses pequenos artigos sob
medida para blogueiros sobre o uso inadequado das medicações. Remédio, qualquer
que seja, até mesmo chá de Boldo, quando mal utilizado se torna veneno. Não
existe nenhuma medicação que seja inofensiva ao corpo quando utilizada
Inadvertidamente. Em alguns países de primeiro mundo qualquer medicação só pode
ser adquirida sob prescrição médica. Não sei se medida tão extrema seria tão
favorável em nosso país, mas com certeza a lista de medicações que deveria ter
sua venda restrita precisa aumentar muito!
Hoje, gostaria de falar um pouco mais sobre as
medicações antiinflamatórias. Existe um grupo de remédios que chamamos
comumente de “sintomáticos”, pois eles não tem o fim de tratar uma doença mas
sim de curar um sintoma. Por exemplo, se tenho uma pneumonia e uma febre e tomo
um remédio para baixar a febre, não estou tratando a pneumonia, mas apenas um
de seus sintomas.
Mas o problema é que as pessoas confundem os
sintomas com as doenças. Por exemplo, um dos grandes desafios que enfrentamos
no tratamento da hipertensão é que as pessoas dizem que “não sentem nada” então
não vão tomar medicação alguma. Melhor seria, talvez, se sentissem uma dor
enorme cada vez que a pressão subisse pois, nessa linha de raciocínio, cedo ou
tarde sentirão algo, mas será um AVC ou um enfarte decorrentes da pressão alta
e ai já será tarde demais.
Hoje gostaria de falar um pouco mais sobre os
antiinflamatórios. A maioria das doenças em medicina se desenvolve através de
uma inflamação. Daí a grande eficácia dos antiinflamatórios em seu tratamento.
No entanto, essa classe de medicamentos entra dentro do grupo dos sintomáticos
e via de regra não trata nada – apenas alivia os sintomas. O problema é que o
fato de o paciente não sentir nada não quer dizer que a doença não continue
evoluindo dentro dele só que agora no perigoso silêncio provocado pelo uso
inadvertido de antiinflamatórios.
Existem outras doenças que, de fato, são mais
simples, por exemplo uma artrose e talvez pense, meu prezado leitor, que nunca
irá morrer por causa de uma artrose que evoluiu demais. É verdade. Da artrose
ele não morrerá; entretanto, como tudo na natureza que se usa em excesso, os
antiinflamatórios também tem MUITOS efeitos colaterais, especialmente para
pessoas idosas – as que mais utilizam cronicamente essas medicações! Dentre
elas, destaco: gastrite, úlcera, hemorragia digestiva, piora da função dos
rins, alteração da função das plaquetas (as substâncias do sangue que impedem
que a gente sangre sem parar quando temos um corte), piora da hipertensão,
atrapalhar a função de algumas medicações contra pressão alta, hepatite,
reações alérgicas etc, etc...
Em síntese antes de tomar qualquer medicação,
especialmente aquelas que serão usadas por um período mais longo, procure seu
médico e faça o uso racional dos medicamentos. Do uso racional dos medicamentos
depende nossa saúde.
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