Por Paulo Tarcísio Neto
Medicina
UFRN / paulo_tarcisio@hotmail.com
O Governo Federal, através do Ministério da Saúde,
persistentemente bate na tecla da prevenção do câncer de colo através do famoso
“Preventivo”. E não há nenhum exagero nisso. O câncer de colo do útero
apresenta algumas peculiaridades que lhe são próprias, quando comparado a
outros cânceres, as quais permitem um diagnóstico precoce e uma cura definitiva
em quase 100% dos casos quando a assistência à saúde é adequadamente prestada.
Antes de tudo, a quase totalidade dos casos de
câncer do colo é provocada pelos vírus da família “HPV”. Tal grupo é composto
por mais de duas centenas de componentes uns com maior outros com menor
potencial de provocar o câncer, ou outras lesões benignas. A transmissão de tal
vírus ocorre quase exclusivamente a partir do contato entre os órgãos sexuais,
sendo geralmente assintomático no homem, que pode carregá-lo consigo por anos a
fio sem jamais sabê-lo.
De tal fato surge a primeira medida preventiva: o
uso da camisinha reduz muito a possibilidade de transmissão do vírus HPV. Mesmo
parceiros conhecidos podem ser portadores desse vírus sem sabê-lo.
Mas o fato é que de 50 a 80% das mulheres
sexualmente ativas apresentarão, em algum momento de sua vida, a infecção por
um HPV. Na maioria delas, um sistema imunológico competente conseguirá combater
e impedir qualquer manifestação clínica. Em um grupo menor, não teremos nada
mais que verrugas genitais, ou condilomas, ou outras lesões benignas que em geral
evoluem para cura espontânea e não pedem nada mais que um bom acompanhamento
clínico, mas há um pequeno grupo de mulheres que desenvolverão um quadro de
câncer de colo do útero que, se não diagnosticado e tratado precocemente,
evoluirá como qualquer outro câncer para o “êxito letal”.
A nosso favor, temos a lenta evolução dessa
neoplasia e sua facilidade diagnóstica. Em mulheres que freqüentam ao menos
anualmente o consultório do ginecologista a probabilidade de se encontrar uma
doença em fase avançada é muito remota. E o melhor de tudo é que lesões
precoces são tratadas com relativa facilidade e com altíssimo índice de cura.
Um tripé diagnóstico nos auxilia na identificação e conduta diante de lesões do
colo do útero: a citologia oncótica (ou o “Exame Preventivo”) + a colposcopia
(um exame que estuda o colo do útero para saber mais ou menos onde está a lesão
pelo HPV) + a biópsia. Tudo começa, assim, com o “exame preventivo” de modo que o segredo para não desenvolver
câncer de colo do útero está na visita regular ao ginecologista. Além disso,
dentre os inúmeros fatores de risco do câncer de colo, destaco, nesse pequeno
texto, o tabagismo, a AIDS e a multiplicidade de parceiros sexuais.
A freqüência com que o Preventivo deve ser feito
varia de profissional para profissional, mas, de uma maneira geral, o
Ministério da Saúde recomenda a realização de exames anuais até que, por 2 anos
consecutivos, o resultado seja normal. Segundo o Ministério, nessa situação, a
mulher só necessitaria de um novo exame dentro de 3 anos.
Diziam os filósofos estóicos que há coisas que
dependem da gente e coisas que não dependem da gente. Existem muitos males
contra os quais não temos quase nenhuma força, mas contra esse, sim, temos. Não
permita, mulher, entregar seu destino aos azares da sorte. Um bom conselho?
Visite o ginecologista ao menos anualmente.
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