O
homenageado que deu nome à biblioteca é um dos muitos brasileiros que não teve
oportunidade de acesso à educação
Fotos: Walmir Alves/divulgação
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"Um país se faz com homens e livros". A
frase do escritor brasileiro Monteiro Lobato agora serve de inspiração para os
moradores da Comunidade do Velame, no município de Baraúna. Eles foram
contemplados com a doação de uma estrutura adequada à leitura e pesquisa. A
Biblioteca Comunitária Francisco Marques Soares foi inaugurada na tarde da
quarta-feira passada, 28 de março. A inauguração foi marcada por apresentações
de crianças do Velame e contou ainda com a apresentação de cordelistas da
comunidade, que engrandeceram a cerimônia com uma das mais tradicionais
demonstrações da cultura nordestina.
Na recepção, grandes nomes da cultura tiveram
destaque. Frases de Cora Coralina, Ziraldo e até Leonardo da Vinci lembraram, a
todo momento, a importância da leitura para o desenvolvimento das crianças e de
um povo.
A montagem do espaço foi realizada através de uma
iniciativa da Fábrica de Cimento MIZU, em parceria com a Prefeitura de Baraúna,
que reformou a sede do Conselho no ano passado, proporcionando a estruturação
de um local adequado. Além disso, a fábrica colaborou também com a doação de
uma verba para a aquisição de livros.
Para o homenageado, Sr. Francisco Marques Soares,
que deu nome à Biblioteca, a iniciativa é valiosa. Ele é um dos muitos
brasileiros que não teve oportunidade de acesso à educação. “Eu estudei muito
pouco, só sei assinar o nome”, comenta.
Mas isso não lhe tira a consciência sobre o valor do
hábito de ler. “Para mim, eu acho muito importante. O que vem para beneficiar a
comunidade é muito bem-vindo”, afirma, ciente dos benefícios do gesto. “A
leitura é muito importante para as crianças”, acrescenta.
“Hoje é notória a felicidade dessa comunidade em
receber um bem tão prazeroso” resumiu a estudante Etiene, que representou os
alunos da comunidade na solenidade de inauguração. “Esse é o momento de
concretização de um projeto”, ressalta a idealizadora e coordenadora do
projeto, a professora Flor Marta Antero dos Santos.
“É uma satisfação imensa, porque a gente que elabora
o projeto participa de todo o processo de elaboração. Muitas coisas não saem do
jeito que a gente quer, outras saem melhores. E para mim, saiu melhor do que eu
imaginava”, diz ela, satisfeita em ver crianças chorando por não quererem
deixar a biblioteca.
O diretor da Fábrica de Cimento MIZU, o engenheiro
José Antero dos Santos, lembrou que a data marca a primeira fase de um trabalho
de iniciação à leitura. “Eu acho que a leitura é uma oportunidade de evoluir
como cidadão, como ser humano”, destaca Antero. Além disso, a ocasião serviu
para homenagear o Sr. Francisco Marques Soares, que, como lembra o diretor da
unidade fabril, é um morador querido da comunidade e um grande incentivador do
desenvolvimento da região, que sempre apoio as iniciativas da MIZU.
Homenagem
a Monteiro Lobato
Os estudantes do Velame se esforçaram para mostrar
que têm consciência da importância que a Biblioteca possui. Para isso, a turma
decidiu prestar uma homenagem a um dos escritores de maior expressão no cenário
nacional. Através do esforço e da imaginação das crianças, Monteiro Lobato se
fez presente na inauguração. Com ele, Emília, Tia Anastácia, Dona Benta,
Narizinho, Pedrinho e, claro, o Saci, muito bem caracterizado pelo pequeno
Antônio Lailson, de sete anos.
Alessandro Abreu da Silva, de 14 anos, interpretou o
escritor e aprovou a iniciativa. Aliás, ele já elegeu até o seu livro
preferido, inspirado nos contos do folclorista. E a escolha não poderia ser
diferente: “O do Sítio do Picapau Amarelo”, revela.
Uelissandra, de oito anos, ficou com a
responsabilidade de apresentar o Jornal da Criança. Ela também aprovou a
estrutura e pretende ir ao local para ler muitos livros, até porque, como a
própria menina informa, na escola onde estuda não há um espaço semelhante.
A professora do Velame II Maria do Socorro Barros de
Moura, que preparou os alunos, estava realizada com a concretização do sonho
antigo. “Muito feliz por saber que meus alunos agora têm onde pesquisar, porque
eu gosto de trabalhar com atividades extra sala de aula”, comenta.
“Eu acho que
é um momento muito importante, porque a leitura enriquece muito o conhecimento
das pessoas, enriquece o vocabulário. Alavanca o futuro para dias melhores”, destaca
o presidente do Conselho Comunitário do Velame, Raimundo Gonçalves de Mesquita.
Ele conta que já havia vontade de oferecer algo semelhante à comunidade.
“Já, eu conversava sempre com a professora da
comunidade, mas as dificuldades eram muito grandes e a parceria com a MIZU foi
o pontapé inicial para que desse certo. A MIZU tem ajudado muito a comunidade e
espero que ajude ainda mais”, conclui o presidente do Conselho.
Opa!
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