Por
Paulo Tarcísio Neto / Paulo_tarcisio@hotmail.com
Medicina
UFRN
Se expande como uma verdadeira epidemia o uso de
drogas derivadas da folha da coca – a cocaína, o crack e mais recentemente o
óxi. Basicamente, o que diferencia as 3 drogas é seu grau de “pureza” quanto
aos produtos alucinógenos; o que as iguala é seu devastador efeito sobre o
organismo e uma dependência física, química e psíquica só a muito custo
superada.
Se um jovem soubesse o tamanho do trabalho e
sofrimento que terá para se livrar de uma dessas drogas, não ousaria, sequer,
aproximar-se a primeira vez. Trata-se de uma escravidão. Mil vezes a escravidão
sofrida (em tempos passados, claro) pelos negros, que tinham seus grilhões
saltando aos olhos e ressaltando sua condição; o pior escravo é aquele que,
ainda por cima, acredita ser livre, aquele que tem seus grilhões firmemente
arraigados nos terrenos da psique e acredita piamente – ou então se esforça
muito para acreditar – que é a droga que o liberta.
Há quem afirme que uma medida que iria “amenizar” a
situação seria a legalização. Confesso que não sei. Tampouco sei aonde caminha
um Estado que dá ao seu cidadão o direito a escravizar-se. Como chamar a isso
de Liberdade? A regra básica, pois, é não usar. Não prove. Você pode estar num
grupo que, por alguma razão, consegue resistir ao vício – é verdade, ele existe
– mas também pode fazer parte daqueles que nunca mais sairão. É uma Roleta
Russa Química.
A droga remodela todo o cérebro. O prazer em
consumi-la é tão grande que nada mais satisfará ao indivíduo como aquilo.
Depois que os neurônios já foram “impregnados”, procurar culpados ou julgar o
caráter do usuário já não adiantam. Mais vale uma boa ajuda de uma equipe
multidisciplinar de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais,
disponíveis gratuitamente nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPES), por
exemplo. A família deve estar ao lado não como Juíza, mas sim como Justa: uma
mão que acaricia quando tem que acariciar, mas que deve ser firme e forte
quando o tiver de ser.
Agregado a isso, sem dúvida, é necessário que se
tenha um sentido de vida. Compreender que o ser humano está para além dos seus
desejos que palpitam e que há algo, sim, para além de nós mesmos, E desde esse
mistério último redescobrir-se, remodelar-se, num novo começo. É possível;
muito difícil, mas realmente possível.
P.S.: Texto escrito a pedidos de um leitor. Aceito
sugestões. Abraços.
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