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domingo, 5 de junho de 2011

Mutismo e silêncio/estar só e solidão

Pe Aloísio Guerra

Há uma distinção entre mutismo e silêncio, especialmente quando tratamos de reflexão ou meditação. 

O mutismo é negativo:  a pessoa apenas não fala, mas seus pensamentos divagam em múltiplas distrações, incontrolavelmente.

Já o silêncio é positivo, é fecundo, é profundo.  Não é dispersivo;  está concentrado no alvo da meditação.  O pensamento está inteiramente em Deus. 

O mesmo se diga da distinção entre ESTAR SÓ e EM SOLIDÃO.

A solidão é também um sentimento negativo;  a pessoa se sente abandonada, insulada, não se sente ligada a ninguém.   A pessoa se sente só, isolada, mesmo no meio da multidão.

Na cidade de Natal (RN), presenciei uma cena, de certo modo triste e comovente.  Em frente a uma Ótica havia um daqueles bonecos acionado pelo ventilador, inclinando-se  para um lado e outro e com os branços sempre em movimento.   Um cidadão de seus 45 anos abraçou demoradamento o boneco.   Sorri para ele, sorriso misto de aprovação e curiosidade.  O cidadão veio a mim e segredou-me, em espanhol: ”Não tenho amigos e precisava abraçar alguém”...Falei então:  “Aceite o meu abraço!”

No meio de tanta gente, aquele estrangeiro sentia o peso da solidão.

Contrariamente, a pessoa pode estar só e não sentir solidão alguma. Isto acontece porque se está com os polos-da-vida imantados.  Sozinho, mas ligado aos outros, com a convicção firme de que “homem algum é uma ilha”:  Os animais, a casa, as árvores, o nascer e o por do sol, a lua, o mar, parentes e amigos (mesmo distantes),  TUDO E TODOS fazem companhia:  está só mas não sente solidão.   E sentirá menos ainda quanto mais estiver unido ao fiel Amigo de todas as horas, DEUS, o Pai Solidário.

Faça de Deus, amigos, o seu TESOURO.  E onde está o seu tesouro, aí está o seu coração. (Mt 6,21).  Deus não só gosta de estar com as pessoas, mas especialmente de estar nas pessoas:  O Reino de Deus está dentro de vós (Lc 17,21).  Com essa consciência, com essa fé, a solidão não poderá existir.

Diga não à solidão e sim à solidariedade.  Ligue-se às pessoas pela amizade e, quanto possível, pelo serviço, procurando sempre ser útil às pessoas.  Valorize-se:  você é filho, filho muito amado de Deus!

Não se lamente, não se isole, não banque o Pião, eternamente girando em volta de si mesmo.   Também para que Deus possa levar a sério a sua oração.

Não se deixe prender por mágoas e ressentimentos.   Eleve seu coração.   Limpe-o de pensamentoss negativos e siga em frente, segurando firme na mão de Deus.  Ame-se.  Respeite-se.  Ame as pessoas e as repeite.  Quando orar não pense apenas na sua felicidade.  Ser feliz é um bem.  Mas é vergonhoso querer ser feliz sozinho.

Viva bem e faça o possível para facilitar a vida dos outros.  Desejar, buscar a felicidade para os outros e procurar a felicidade para si mesmo. E assim estará evitando a solidão.  Seja um com Deus, um com os outros.

(Reflexão radiofônica do Padre Aloísio Guerra, em abril 2002)

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