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sábado, 18 de junho de 2011

Ariquemes

Autor: Geraldo Anízio*

Louvo Deus na plenitude
Porque sei que todos temem
Louvo cocares e  flechas
Dos nativos Arikemes.
Louvo as terras abençoadas
Por onde índios pisaram
Deu-se nome Arikemes
Eles que a batizaram.
Louvo a douçura da água
Do leito do Jamary
A tribo de Arikeme
Filhos da língua Tupi.
Seiva bruta  clorofila
Ornamenta o corpo nu
Da pele que é pintada
Com a tinta do urucu.
Minha língua é Txapacura
Idioma dos tribais
Do cacau e do látex
Nativos dos seringais.
Sou do rio Canaã
Chego lá de voadeira
Depois me banho nas águas
Frescas dessa cachoeira.
Desce o látex pelo corte
Choram hastes sem demaios
Para amaciar o mundo
Seringal dos Papagaios.
Curupira, guardião
Saci pula, logo acha!
Não são índios, cá na mata!
São soldados da borracha.

A flora faz a sombra
pra fauna do Jamary
Traíra, curimatã
Até cobra sucuri.
Papagaio, periquito
Capivara cangati
No leito da correnteza
Já desova o lambary.
Corre paca pra roer
O coco do buriti
Tucumã está maduro
Semente de açaí.
Cheiro de cupuaçu
Tem peixe que é tambaki
Tartaruga não é cágado
Parente de jabuti.
Cutia, pirarucu
Takaká e tukupy
Tanto na fauna e na flora
Tudo na língua tupi.

Ariquemes, Ariquemes
Índio viu jaguatirica
Sobre a maior jazida
De  rocha cassiterita.
Para tantas árvores tantos
Homens de choros e prantos
Deixam terras que são deles
Virem formar outros cantos.
Se não fosse tal coragem
Que habita de passagem
O vento quebrava os lemes
Das flechas dos Arikemes.

Aos vossos braços yara
Por tão doce esta manhã
Ver nascerem os Arikemes
Das águas do Canaã.
Eis aqui os seus herdeiros
Sob o foco desse farol
Cuja luz  o mundo acende
Todo dia pelo o sol.

*Sertanejo seridoense radicado em Rondônia, em versos à gente e terra amazônicas  
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