Bianca Tavares de Araújo
Pedagoga*
Aqui estou, sozinho. Na minha existência, um vazio.
Vejo o horizonte tão belo e infinito e estou neste lugar tão feio, solitário, fétido.
No coração, a esperança, a liberdade na imaginação que voa, voa e vai longe.
Liberdade que não tenho, já tive. Será que terei? Atrás dessas grades, tão velhas e enferrujadas, a incerteza de me sentir novamente livre, livre.
A injustiça de muitos, a crueldade de outros, tudo juntos, num ciclo que se reinicia a cada amanhecer e a cada anoitecer.
O Sol ofusca meus olhos com sua imensidão e a Lua acaricia-me por mais uma jornada por terminar.
Posso cantar ou até gritar, como num desabafo, mas nunca poderei sentir o vento, a gota da chuva, a brisa do mar, como antes.
Naquela minha interminada liberdade nem pude sentir tamanha angústia e incerteza, mas, talvez, possa agora sentir a dor da solidão.
Amigos, será que ainda os tenho? É difícil, muito difícil ter forças para agüentar e acreditar em um novo amanhecer, após tantas dores e dificuldades, que acompanham os carinhos da tua saudade em mim.
Escuto os sons estranhos da cidade e vou a vários lugares, com a minha imaginação; vôo, vôo e vôo.
As vezes fico a olhar as estrelas, por trás dessas tão cruéis grades e me sinto cada vez mais solitário, porque aonde estou sou apenas eu e, lá no céu, são todas elas.
Não desejo o que sinto, nem ao meu maior inimigo e espero que nenhum de meus companheiros e amigos sintam tamanho vazio em seus corações, porque minha alma inunda-se de sofrimentos inesquecíveis.
Tenho medo, muito medo de não poder mais voar, e voar só com as asas da minha imaginação e, assim, tanta tortura e angústia iriam terminar no meu fim.
Só tenho uma certeza e se isso acontecer serei novamente feliz e poderei voar, voar e sentir-me novamente um pássaro livre.
*Texto publicado em O Poti (2001), quando Bianca, prima deste blogueiro, era acadêmica de Pedagogia na UFRN.
©2011 www.AssessoRN.com | Jornalista Bosco Araújo
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