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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Produtores rurais mobilizados pela aprovação do novo código florestal


Fotos: Paulo Correia

Foi promovida durante toda a terça-feira (05), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, uma gigantesca movimentação com 20 mil produtores rurais de todo o Brasil em favor da aprovação do novo Código Florestal Brasileiro. No evento, que foi organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diversos estados da Federação enviaram seus representantes e as suas caravanas de produtores. Com o Rio Grande do Norte também não foi diferente. Do estado partiu uma comitiva de 21 pessoas.

A organização dessa comitiva, formada por presidentes de sindicatos rurais, foi feita pela Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), presidida pelo produtor rural José Álvares Vieira. O compromisso era um só: ajudar a CNA e os inúmeros produtores rurais e seus sindicatos na grande marcha em favor do novo código.

“Acredito que fizemos a nossa parte. Saímos de um estado longe de Brasília, mas viemos com a mesma força para lutar e defender os interesses dos produtores brasileiros, sejam eles pequenos, médios ou grandes. Fizemos o que tínhamos que fazer e acredito que mais cedo ou mais tarde o texto do novo código vai entrar em votação na Câmara Federal”, explicou Vieira.

Discursos e abraço ao Congresso

Durante a movimentação em Brasília, diversos representantes de segmentos da agricultura e da pecuária do país puderam falar sobre as suas realidades no palco montado pela organização do evento. Um verdadeiro “pinga fogo” (microfone aberto) na frente do Congresso Nacional. De deputados dos mais diferentes partidos políticos, governadores, prefeitos e presidentes de Federações da Agricultura, todos tiveram a oportunidade de explicar, com os seus argumentos, a necessidade de aprovação do texto do novo código florestal. “Foi um momento democrático e que exibiu a nossa dureza em produzir em meio ao Sol ou na chuva forte. Acredito que todo o Brasil ouviu esse recado dos produtores”, explicou o vice-presidente da Faern, Ivonaldo Diniz, que também usou o microfone para parabenizar os sindicatos do RN que foram à mobilização.

Um dos discursos mais contundentes foi o do governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, que finalizou o seu comentário dizendo que deputado que não votar em favor do código é um traidor do Brasil. “É um traidor! E esse não merece o nosso apoio e não merece os votos do país”, ressaltou o governador.

O evento também foi marcado pelo grande abraço ao Congresso Nacional, promovido logo depois do almoço, às 14 horas, e que levou toda a multidão a fazer o circulo simbólico. “Foi muito bonito. Uma demonstração de ordem. Uma pena que a chuva atrapalhou um pouco”, explicou o presidente do sindicato rural de Lajes, César Militão.     

Sem data

Os líderes do movimento ficaram frustrados, logo depois do anuncio da presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), quer aguardar o fim do debate em uma nova comissão especial para levar o novo código florestal ao plenário.

A falta de posição clara do governo sobre o tema também é um empecilho para a votação. Os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura têm divergências sobre esse assunto.

De acordo com José Vieira, da Faern, essas dúvidas dos ministros e o pedido de calma do presidente da Câmara dos Deputados é algo que precisa ser melhor trabalhado. “Eles não sabem que o deputado Aldo Rebelo fez inúmeras viagens pelo Brasil e participou, juntamente com movimentos de classe, de audiências públicas sobre esse tema? Eles não sabem da real importância do agronegócio para o Brasil? Espero que observem melhor o nosso movimento e vejam que ele é respeitável e positivo para a agricultura e o meio ambiente do país”, ressaltou Vieira.

Aldo Rebelo: “quem polui é a cidade”

No momento final do evento, o deputado federal Aldo Rebelo, relator do texto sobre o novo Código Florestal Brasileiro, falou para a multidão de mais de 20 mil pessoas concentradas na Esplanada dos Ministérios e explicou sobre os reais poluidores do Brasil. “Quem está desmatando e poluindo é a cidade grande. Com os seus rios e praias cheios de lixo e esgoto industrial. O agricultor do país, principalmente o pequeno, quer é cultivar a sua terra. Cuidar da sua plantação, da criação dos seus cabritos. Eles não desejam morar e tirar o sustento em uma área devastada. Isso é conversa de ONGs internacionais que desejam engessar o agronegócio brasileiro para ajudar os seus países de origem”, denunciou Rebelo.

Em um dos momentos mais fortes do seu discurso, Aldo Rebelo comparou a possível estagnação da agricultura brasileira com o atraso da mesma no México, e a perda dos seus homens do campo para as forças do tráfico de drogas.

“Essas organizações que querem acabar com o agronegócio no Brasil querem que o país termine como o México, que paralisou a sua agropecuária e deixou os seus garotos soltos. Garotos que foram recrutados pelos narcotraficantes. É isso o que vocês querem?”, indagou Aldo Rebelo, recebendo uma grande salva de palmas no final. [Com reportagem de Paulo Correia/enviado especial para o evento]

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