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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quem vai morrer na Rua Grande?

Foto do centro de Caicó, prédio do mercado público,
 feita por Jean Solar, da revista Realidade, em 1970
Dono de vasto material impresso e memorial, o jornalista caicoense Orlando Rodrigues Caboré está prestes a lançar seu mais novo trabalho literário, agora na mira dos crimes ocorridos em Caicó por volta da metade dos anos 60 e 70 do recém século findo. Na época, já repórter atuante, Orlando vivenciou e foi testemunha, ou seja, acompanhou os fatos que sacudiram a pequena cidade que vivia seus primeiros 100 anos de história como município seridoense potiguar.

Caicó contava, praticamente, com a metade da população atual, mas era detentora de prestígio político com representantes influentes tanto no poder estadual como federal, sendo a terceira cidade norte-rio-grandense em arrecadação e população, perdendo apenas para a capital e Mossoró, na região Oeste. Hoje, o cenário de crimes com homicídios tem estatísticas muito maiores, e se assemelha aos problemas dos maiores centros urbanos do país.

Este blogueiro, particularmente, era muito jovem, na época, ainda criança, entrando na adolescência, ouvindo as notícias na rádio Rural, nas esquinas e becos da cidade, além de ter visto cenas marcantes como os tiros que abateram o comerciante Manoel “Chicola”, na bodega de Zé Teófilo, esquina das ruas Rio Banco e Augusto Monteiro, essa última onde morou até os 17 anos. Outra imagem, nunca esquecida, foi da fuga de Toinho de Aníbal, após assassinar o médio e professor Pedro Militão, ao chegar no colégio estadual para dar aula.


A camioneta Chevrolet azul e branca de sua família passou em disparada no sitio onde moravam meus pais, no rumo da Pedreira e ninguém mais o viu. Também não o conhecia. Anos depois, ele passou a visitar o Consulado Caicoense, “república” de estudantes universitários em Campina Grande, na Paraíba, daí surgindo o C.Pinho.

Outro fato, ainda criança, na véspera da primeira eucaristia, com catequese no Externato de dona Lourdes, meu irmão Gilberto sofreu um acidente, caindo da camionete dirigida por meu pai que foi colida por trás pelo caminhão tanque do posto de combustível de Enéas, na BR 427, próximo ao posto fiscal do Itans. Benedito Antônio do Umbuzeiro, vereador pela Arena verde, que passava no local, o socorreu, transportando em seu jipe ao hospital regional, cujo médico de plantão se recusou a operar a criança alegando impossibilidade de sobrevivência tal gravidade de seu estado de saúde.


Destemido, famoso por sua coragem, o velho fazendeiro-edil sacou seu “’três oitão” e o doutor não contou até três e começou a costurar a cabeça ensangüentada do menino que sobreviveu e cresceu sem seqüelas e muita saúde, fato que, posteriormente, com a onda de crimes na cidade, o próprio Benedito Antônio foi ouvido por agentes federais.

Ainda sobre a fama de Caicó com as matérias publicadas na chamada grande imprensa nacional, já morando e estudando em São Paulo, bairro de Santana, por volta de 1974, no colégio ao me apresentar no primeiro dia de aula, os professores e colegas logo comentavam, com certa gozação, e as vezes assustados, referindo-se a pistolagem na cidade de “Caiacó”, como pronunciavam. Sequer podiam imaginar que aquele raquítico nortista “baiano” chegara das terras do Umbuzeiro.

O livro de Caboré terá como título “A Síndrorme da Rua Grande”, e o jornalista-escritor já vem adiantado com postagens em seu blog (ACESSE AQUI), por sinal, uma série espetacular de fatos contados com precisão, resultado de pesquisa e apuragem calibrada de quem bem conhece do riscado. “Quem mais vai morrer aqui?”, relembra ele, da matéria que foi capa da revista Realidade, edição de fevereiro de 1970.

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