Por Sandra Fernandes da Costa
Coordenadora Pedagógica – Casa Durval Paiva
O tema
escolarização representa o resgate da autoestima para aqueles que estão em
tratamento oncológico e aparece como uma referência à identidade daqueles que
são saudáveis. Assim, não é o conteúdo curricular que a criança busca quando
solicita o material escolar para a mãe, mas, sim, o sentimento de pertencer a
um grupo social de sua faixa etária.
Ao falar da escolarização
do aluno com câncer, não se refere unicamente ao sentido tradicional da
produção do conhecimento sistematizado, mas a escola como um lugar
representativo da infância, sendo ela parte integrante da vida do aprendente e,
especialmente no processo de adoecimento, haja vista poder ajudá-lo a
perceber-se mais incluso.
Diante desse
contexto, a Casa Durval Paiva em parceria com a Secretaria Estadual de
Educação, representa por meio das suas classes hospitalar e domiciliar uma
experiência vital ímpar, no que diz respeito à possibilidade de recodificação
simbólica do contexto e da vivência hospitalar, pois não são os remédios apenas
que curam. Apesar das limitações desencadeadas pelos seus problemas de saúde,
tratam-se de crianças vivas e que precisam de estímulos múltiplos para
desenvolver suas potencialidades.
Sendo assim,
em conjunto com a família, a escola exerce um papel importantíssimo na formação
da identidade pessoal e social do aluno.
No processo de adoecimento, a participação da escola não é menos
importante, pois através do olhar sensível do professor, ele pode tornar-se um
agente multiplicador do diagnóstico precoce do câncer, ao sinalizar para a
família os sinais de alerta que surgem na criança ou adolescente. Durante o
afastamento por orientação médica em razão do tratamento, a escola pode
contribuir com a manutenção das atividades que resgatem a rotina da vida
anterior à doença, ao enviar os conteúdos, testes e avaliações para que sejam
executadas pelas professoras das classes hospitalar e domiciliar com o aluno e,
dessa forma, representar possibilidades concretas de que o aluno cultive aceso
a esperança de sobreviver, por meio da construção do seu próprio futuro.
Vale
ressaltar, que no atendimento educacional das classes hospitalar e domiciliar
da Casa Durval Paiva, busca-se elaborar ações que ajudem no acompanhamento do
processo de escolarização de crianças e de adolescentes matriculados, onde tais
ações visam garantir a manutenção do vínculo com as escolas, por meio de um
currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo o ingresso, o retorno ou a
adequada integração ao grupo escolar correspondente.
Compreender
a importância do papel da escola no processo de escolarização no adoecimento é
fundamental, principalmente no momento do retorno às aulas após a alta. A
parceria firmada entre a família, a escola e as professoras das classes
hospitalar e domiciliar facilita o processo de reinserção escolar, a fim de que
a criança ou o adolescente sejam vistos como aluno, não como paciente. E assim
sejam incluídos ao meio social de forma acolhedora e confortável.
Artigo enviado por
imprensa@casadurvalpaiva
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