Por Soraya Mendes Guimarães
Assistente Social – Casa Durval Paiva
CRESS/RN 1249
Gostaria
hoje de contar, para você, um pouco do que aconteceu comigo. Sou uma mulher de trinta
anos que tinha uma vida normal, casada há quase quinze anos, com três filhos,
um de treze anos, outro de onze e o mais novo de sete anos. Meu casamento não é
um dos melhores, mas também não é dos piores, simplesmente é normal. Tínhamos
uma vida tranquila, com altos e baixos, como qualquer família, até que meu
filho, João, de onze anos, aparentemente saudável, começou a ficar doente de
uma hora para outra, sem coragem, desatento na escola, sem vontade de jogar
futebol, que tanto gostava, com febre, cansado, com perda de peso e apetite.
Fomos ao
médico da nossa cidade, que pediu uns exames e disse que meu filho estava com
anemia, passou uns remédios, mas ele não melhorava e então resolveu encaminhar
para a capital. Foram feitos novos exames e com o resultado, veio o diagnóstico
da Leucemia. O que passou na minha cabeça na hora não sei dizer ao certo,
simplesmente perdi o chão. Ouvi da médica que seu filho tem câncer é um susto
tão grande que só quem ouviu consegue sentir, mas nunca descrever. Acho que a
primeira coisa que veio na minha cabeça foi porque ele e não eu? Porque para a
mãe, a dor deve ser para ela e não para o filho frágil, indefeso e criança, com
uma doença tão grave, que pode levá-lo cedo.
Esse medo, o
sentimento de perda, de enfrentar o desconhecido é assustador, eu não sabia
quase nada dessa doença e ele sempre foi saudável. Depois desse primeiro susto,
veio a realidade de que preciso ser forte e ajudar meu filho a enfrentar esse
momento. Mas como fazer isso, se também sou frágil e não sei como agir? Nesse
momento, o apoio do pessoal do hospital me pareceu estranho, me disseram que
seria encaminhada para uma casa de apoio. Mas o que iria fazer lá? Ao chegar à
Casa de Apoio Durval Paiva estava assustada, não conhecia ninguém, a única
coisa que sabia era que ali poderia ficar com meu filho quando não estivesse no
hospital e não pudesse voltar para casa.
A forma como
fui recebida me deu a certeza de que ali encontraria o apoio que estava
precisando. Aos poucos fui percebendo, que essas pessoas além de profissionais,
eram merecedoras de confiança, com quem poderia contar e comecei a me sentir
mais segura. Os momentos são difíceis. Com o tratamento, o comportamento de
João começou a mudar, ele que sempre foi um menino tão bom, talvez dos meus
três filhos, fosse o mais gentil, o que mais me fazia companhia e agora está
agressivo, bruto comigo, não o reconheço mais, quando digo alguma coisa, ele
sempre se aborrece. Tem dias que acho que ele está melhor, mas tem dias que
fico tão desesperada que me dá vontade de largar tudo e voltar para minha casa,
minha vidinha tranquila como era antes. Mas com a ajuda dos profissionais da
Casa volto ao meu senso e percebo que tudo faz parte do tratamento. Meu filho
vai ter momentos fáceis e difíceis. Se lutarmos juntos e se tantas outras
crianças e adolescentes conseguiram ficar curados, nós também vamos conseguir.
Hoje posso
dizer que na Casa encontrei segurança.
Pessoas que começaram a fazer parte da minha vida e me mostram todos os
dias, que eu, meu filho e minha família estamos vivendo um momento difícil, mas
que se juntarmos nossas forças vamos conseguir vencê-lo e voltaremos para
casa. Sempre deixarei aqui, na nossa
Durval Paiva, uma família que não foi feita por sangue, mas que foi construída
por laços de descoberta, apoio, esperança, superação e de vida.
Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval
Paiva
Assessoria de Comunicação
Imagem relacionada à divulgação
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