Por Simone Norat Campos
Dentista - Casa Durval Paiva
CRO/RN 1784
A saúde
bucal constitui uma parte da saúde geral e é considerada essencial para a
qualidade de vida.
Na
adolescência, o impacto do diagnóstico de câncer implica em várias mudanças, no
desenvolvimento biopsicossocial dessa fase da vida, na imagem corporal em
decorrência dos efeitos colaterais do tratamento, além das alterações na
rotina.
A existência
de uma equipe multidisciplinar na terapêutica do câncer numa Casa de Apoio se
faz muito importante na elaboração do diagnostico por parte desses adolescentes
e no enfrentamento dos efeitos advindos da quimioterapia e radioterapia,
modalidades terapêuticas do câncer. A casa de apoio é um local de acolhimento e
re-significação do adoecimento ao proporcionar o compartilhamento de
experiências com outros pacientes.
A Casa
Durval Paiva é uma instituição sem fins lucrativos que atende crianças e
adolescentes com câncer e hematológicos crônicos enquanto durar o tratamento.
São pacientes carentes socioeconomicamente e culturalmente que não têm acesso a
um serviço odontológico especializado.
O serviço
odontológico da Durval Paiva atende as crianças e adolescentes com câncer além
de seus acompanhantes. Tão logo sejam diagnosticados com câncer na enfermaria
pediátrica do hospital pela equipe médica, são encaminhados para passar por
toda equipe multidisciplinar da Casa de Apoio, inclusive o dentista.
Apesar de
ser muito importante para o tratamento do câncer, a quimioterapia e a
radioterapia podem desencadear algumas alterações, prejudicando a saúde da boca
e até mesmo o tratamento da doença.
A
quimioterapia não é seletiva, ou seja, atinge as células doentes e sadias,
baixa a imunidade do paciente, ficando o mesmo susceptível a uma série de
alterações, principalmente, na boca, como infecções oportunistas, fúngicas
(fungos) e bacterianas (cárie). No momento em que o paciente encontra-se com a
imunidade baixa, essas infecções aumentam o risco de vida, pois via corrente
sanguínea pode levar a uma infecção generalizada e o mesmo ir a óbito. O ideal
é que o tratamento odontológico seja realizado sempre que possível, antes da
quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço, para prevenir e tratar os
possíveis focos infecciosos.
Então, nesse
contexto, os adolescentes com câncer passam por muitas mudanças e perdas, uma
delas pode ser o aparelho ortodôntico, que deve ser removido tão logo receba o
diagnóstico. O dentista remove temporariamente, enquanto durar o tratamento
oncológico, evitando trauma para a mucosa oral, que estará mais sensível neste
período. São doados kits de higiene oral como escova, fio e creme dental. O
serviço odontológico oferece tratamento preventivo, educativo e curativo.
A maioria
dos pacientes chegam com a cavidade oral precária, muitos adolescentes, que já
possuem a dentição permanente, chegam com os dentes frontais, impedidos de
sorrir, se alimentar, dificultando mais ainda a socialização, inibindo-os.
Uma
adolescente, S.C, 15 anos, com osteossarcoma (tumor ósseo), já com metástase
(doença à distância) pulmonar, chegou ao serviço odontológico da Casa com uma
cárie no dente central superior, quando queria sorrir e falar sempre colocava a
mão à frente para esconder, ela achava que seu dente não tinha jeito que não
poderia recuperá-lo, não conhecia o material restaurador para dentes
anteriores. Foi atendida, tendo a recuperação do dente do sorriso, da função
mastigatória e da sua autoestima. E tivemos um retorno gratificante ao ouvi- lá
dizer que tinha ganhado um dos melhores presentes da sua vida, pois era o seu
aniversário.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
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