Projetos da UFRN exploram como as
tecnologias para assentamento no planeta vermelho podem ser aplicadas em
regiões áridas do RN
Mesmo
distante em média 220 milhões de quilômetros da Terra, Marte desperta fascínio
em pesquisadores que estudam como habitar o desértico planeta vermelho. As
tecnologias resultantes são perfeitamente aplicáveis em territórios mais
próximos do que se imagina, inclusive no semiárido potiguar. Na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), existem projetos dedicados a pesquisar
relações entre esses dois lugares tão distantes fisicamente, que serão
discutidas no seminário “Marte e o semiárido” nesta segunda-feira, 23, às 19h,
no auditório da Reitoria.
Inserido na
Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o evento será aberto pela palestra “O
que faz um planeta habitável”, em que o professor do Departamento de Física da
UFRN, José Dias do Nascimento Júnior, dará destaque às suas pesquisas e às
diferenças entre Terra e Marte. Já o professor do Departamento de Engenharia de
Produção da UFRN, Júlio Rezende, apresentará o “Projeto Marte: oportunidades de
pesquisa sobre habitats em Marte e o semiárido”, oportunidade em que falará
sobre a expedição na estação de pesquisa do deserto de Utah, nos Estados
Unidos, da qual será comandante entre os dias 4 e 19 de novembro.
Serão duas
semanas de imersão no Mars Desert Research Station, ambiente similar a Marte
onde a equipe formada ainda por três peruanos e um norteamericano usará traje
espacial para exploração do terreno local, divisão de tarefas de manutenção da
estrutura, pesquisas individuais e produção do próprio alimento. Segundo o
professor, a vivência será importante para conhecer as tecnologias adotadas em
Utah que podem ser aplicadas na confecção de equipamentos para o Habitat Marte
da UFRN, a primeira estação de pesquisa do hemisfério sul com simulação de uma
experiência no planeta vermelho.
As inscrições para o seminário devem ser
realizadas no link https://goo.gl/eF5usg.
Habitat Marte
Montado no
município de Caiçara do Rio do Vento, a 100 quilômetros de Natal, o Habitat
Marte ocupa uma estrutura de 56 m² dentro do Núcleo de Pesquisa em Engenharia,
Ciência e Sustentabilidade do Semiárido (Nupecs). A ideia é criar uma estação
autossustentável, na qual os habitantes irão reutilizar a água, produzir a
própria comida em uma estufa e até mesmo a energia que será consumida. Tais
invenções podem se transformar em soluções para o semiárido, que assim como
Marte sofre com a escassez de recursos. O Mars Lab, do Laboratório de
Sustentabilidade da UFRN, já trabalha nessa direção com estudos voltados não
apenas ao espaço, mas também à criação de tecnologias sociais aplicáveis no
sertão potiguar.
Atualmente,
o grupo trabalha para desenvolver um microssistema de tratamento de água e
esgoto, além de uma roupa com módulo autônomo de resfriamento sustentável para
uso dos astronautas do Habitat Marte. A primeira tripulação do projeto
participará da simulação durante 48 horas, de 8 a 10 de dezembro. Quem deseja
participar da expedição pode se inscrever até 25 de outubro para a seleção da
equipe, cujo edital oferta três vagas destinadas a professores, estudantes e
pesquisadores de qualquer área de atuação. A escolha será realizada dentro de
critérios como disponibilidade, motivação, interesse em reciclagem e no tema
espaço/Marte. Outras informações sobre o processo seletivo estão disponíveis no
edital, acessado em https://goo.gl/kygW7y.
O Habitat Marte tem como principais objetivos estimular, apoiar
e promover a educação espacial, a pesquisa sobre sustentabilidade em Marte e no
semiárido, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias, assim como a
transformação de ideias em produtos no campo das engenharias. De acordo com
Júlio Rezende, existem demandas para cursos de outras áreas, em virtude de
necessidades como a preparação física dos astronautas antes das missões, a
elaboração de um cardápio alimentar durante a simulação, o saneamento local e a
instalação de antenas. [AscomReitoria/UFRN]
Fotos: Divulgação NASA/Cícero Oliveira
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