Por Gabriella Pereira do Nascimento
Coordenadora Pedagógica - Casa Durval Paiva
Para
crianças e adolescentes a escola é o espaço de integração, cooperação,
interação, aprendizado. Espaço de vivências que possibilitam o desenvolvimento
do ser humano de forma significativa e que, por isso, faz parte da rotina
diária de muitos sujeitos. O diagnóstico de uma doença tão invasiva quanto o
câncer traz consigo uma série de perdas, entre elas está a rotina. Rotina de
vida que inclui o acesso e participação nas vivências escolares.
A
criança/adolescente passa, abruptamente, a participar da rotina técnica e
dinâmica do hospital, sendo examinado, observado, passando por procedimentos,
rodeado por aparelhos e protocolos médicos que não fazem parte do seu cotidiano
prévio ao tratamento.
Com tamanhas
mudanças acontecendo em sua vida, percebidas tanto nas atividades de vida
diária (brincar, estudar, passear...), quanto também na forma física e
psicológica, reorganizar uma rotina pela qual o sujeito possa retomar e
ressignificar suas atividades cotidianas não se configura uma tarefa tão
simples.
Conforme
Albertoni (2014), levando em consideração que o tratamento de saúde se torna
nessa conjuntura, o foco de maior atenção tanto da criança/adolescente, quanto
de sua família, tem-se como consequência dos fatores supracitados atitudes que
corroboram de certa maneira para uma postura de superproteção, benevolência e
apatia que precisam ter respostas imediatas, com ações que busquem incluir o
sujeito, embora esteja em tratamento médico.
Nessa
perspectiva, o atendimento pedagógico hospitalar é realizado objetivando, entre
tantos fatores, oportunizar a retomada, mesmo que mínima, de uma rotina em que
o sujeito possa desenvolver-se cognitivamente e socialmente, aprendendo tanto
os conteúdos formais exigidos pela escola, quanto na troca de vivencias e
experiências com seus pares, à medida que interage e socializa-se com eles.
Estabelecer
uma rotina educativa paralela à rotina hospitalar é possível, embora seja uma
tarefa que exige do professor muito “jogo de cintura”. Sua organização tem
início com a acolhida e orientação do paciente, da família e da escola formal.
Com todas as partes cientes, inicia-se o acompanhamento educacional.
As
atividades desenvolvidas na classe têm como aporte principal o viés lúdico, a
fim de contribuir com maior significado no desenvolvimento da aprendizagem das
crianças e adolescentes assistidos. São desenvolvidas assim, atividades diárias
divididas no atendimento em grupo e individual.
No
atendimento em grupo, as atividades são compostas de diversos recursos
facilitadores, tais como: artes plásticas, música, expressão corporal,
literatura, desenho, educação nutricional, educação para saúde bucal,
cineminha, além de projetos pedagógicos temáticos interdisciplinares integrados
aos conteúdos escolares trabalhados. Desenvolvido na perspectiva
multidisciplinar, o atendimento pedagógico em grupo contempla as várias áreas
de conhecimento, em paralelo ao tratamento médico, considerando o tempo
disponível do aluno que está sendo atendido.
Ao integrar
essas áreas, a aprendizagem torna-se mais significativa, pois o educando tem
acesso aos saberes através de atividades compostas de diversos recursos
facilitadores, tornando-se assim uma prática terapeutizante, que promove a
reinserção social numa perspectiva inclusiva.
No
atendimento individualizado, é realizado o acompanhamento educacional dos
alunos que, por determinação médica ou distanciamento da sua cidade de origem,
estão impossibilitados de frequentar a escola regular. No momento em que o
aluno é inserido no contexto de atendimento em classe hospitalar, a instituição
onde este tem a matrícula de origem, recebe um kit com documentos de orientação
para atuar de forma integrada, possibilitando a continuidade do processo
educacional de cada aluno respeitando o direito assegurado legalmente.
Com isso, o
atendimento é desenvolvido através do contato permanente com a equipe
pedagógica das escolas formais, contemplando o ensino de conteúdos indicados,
atividades, trabalhos e avaliações durante todo o período que o aluno
necessitar, sendo desenvolvido nas salas de aula, ou mesmo nos ambulatórios e
leitos hospitalares.
Assim,
tem-se constatado cada vez mais que a inserção de práticas que possibilitam a
retomada da rotina prévia ao diagnóstico médico, pode incentivar e
potencializar respostas positivas ao tratamento dadas pelas crianças/
adolescentes que tem a oportunidade de continuar estudando mesmo fora do
contexto formal. A educação hospitalar, nesse sentido, permite que o caminhar
para a cura ocorra integrado a ações humanescentes de cuidado e atenção
integral ao sujeito.
Assessoria de Comunicação Casa Durval Paiva
Foto relacionada à divulgação
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