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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Artigo Casa Durval Paiva: Caminhando pela resiliência na oncologia pediátrica

Por Lady Kelly Farias da Silva
Terapeuta Ocupacional - Casa Durval Paiva
Crefito:14295-TO

É sabido que o câncer infantil afeta ao indivíduo como um todo, sendo necessário envolver recursos terapêuticos específicos, que ocasionam reações psicológicas variadas e influenciam a história do paciente e o seu modo de viver e de se relacionar consigo mesmo e com o mundo, pelo fato da doença gerar grande ansiedade diante do que estar por vir, e do medo da morte, além de prejuízos na esfera social causados, particularmente, pela mudança em sua rotina diária.

A doença e seus diferentes estágios de tratamento apresentam repercussões nos aspectos físicos, psicológicos e sociais e os pacientes se veem diante de uma situação em que precisam utilizar determinadas formas de adaptação e enfrentamento. Alguns apresentam uma enorme capacidade de adaptação e de superação diante de situações de estresse que atravessam durante o tratamento, enquanto outros passam por este período com acentuado sofrimento, demonstrados através de comportamentos como isolamento, depressão, assim como, o fato de não conseguirem enxergar às oportunidades de superação que lhes são oferecidas.

Sendo assim, esta realidade interfere exatamente na capacidade de cada paciente aprimorar a resiliência, ou seja, de ter uma visão diferente com relação às dificuldades vividas. Junqueira e Deslandes (2003) destacam o aspecto de que a resiliência tem uma variação individual, permitindo reações singulares por parte das pessoas, em situações adversas. Assim, é possível admitir que a resiliência não seja um atributo fixo, porém seja associada tanto à vulnerabilidade quanto ao mecanismo de proteção, que determinam a atitude resiliente do indivíduo.

A resiliência rompe a noção de que a pessoa com câncer está numa situação sem solução. Esse conceito reafirma que o ser humano é capaz de superar dificuldades e não se lançar na depressão e na desmotivação para a vida.

O câncer acarreta em rupturas na vida da criança e do adolescente, onde a doença e o tratamento passam a ser fatores principais no cotidiano, dificultando a autonomia e independência nas suas ocupações. Neste cenário, o terapeuta ocupacional atua no enfrentamento das problemáticas que surgem, proporcionando novas possibilidades significativas através de atividades lúdicas, criativas, que permitam ao paciente expressar suas angústias, medos e incertezas frente ao câncer, favorecendo a autoconfiança e autoestima, proporcionando a sociabilidade e considerando suas potencialidades, pois compreende que mesmo em meio às restrições, a vida precisa ser vivida em todos os sentidos.

Graças a algumas mudanças de paradigmas, a assistência oncológica atualmente se preocupa com a pessoa e não com a doença em si, proporcionando diferentes intervenções psicossociais voltadas para o paciente e sua família, assegurando-lhes melhores condições para lidar com o sofrimento e o enfrentamento do tratamento e seus impactos cotidianos, priorizando a promoção da saúde e qualidade de vida.

No contexto da oncologia pediátrica, apesar da fase de tratamento, é possível superar as dificuldades, ressignificar o sofrimento através de um ambiente acolhedor, de escuta, respeito e apoio, considerando que cada pessoa responde a determinada situação de forma diferente, já que as atitudes resilientes são determinadas pela forma como cada um vivencia a situação em si.

O terapeuta ocupacional visa a elaboração da atenção integral e humanizada na perspectiva da oncologia, tendo como foco o fazer humano, como o objetivo de trazer um novo significado da doença e tratamento.

Foto relacionada à divulgação
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