Por Lady Kelly Farias da Silva
Terapeuta Ocupacional - Casa Durval Paiva
Crefito:14295-TO
É sabido que
o câncer infantil afeta ao indivíduo como um todo, sendo necessário envolver
recursos terapêuticos específicos, que ocasionam reações psicológicas variadas
e influenciam a história do paciente e o seu modo de viver e de se relacionar
consigo mesmo e com o mundo, pelo fato da doença gerar grande ansiedade diante
do que estar por vir, e do medo da morte, além de prejuízos na esfera social
causados, particularmente, pela mudança em sua rotina diária.
A doença e
seus diferentes estágios de tratamento apresentam repercussões nos aspectos
físicos, psicológicos e sociais e os pacientes se veem diante de uma situação
em que precisam utilizar determinadas formas de adaptação e enfrentamento.
Alguns apresentam uma enorme capacidade de adaptação e de superação diante de
situações de estresse que atravessam durante o tratamento, enquanto outros
passam por este período com acentuado sofrimento, demonstrados através de
comportamentos como isolamento, depressão, assim como, o fato de não
conseguirem enxergar às oportunidades de superação que lhes são oferecidas.
Sendo assim,
esta realidade interfere exatamente na capacidade de cada paciente aprimorar a
resiliência, ou seja, de ter uma visão diferente com relação às dificuldades
vividas. Junqueira e Deslandes (2003) destacam o aspecto de que a resiliência
tem uma variação individual, permitindo reações singulares por parte das
pessoas, em situações adversas. Assim, é possível admitir que a resiliência não
seja um atributo fixo, porém seja associada tanto à vulnerabilidade quanto ao
mecanismo de proteção, que determinam a atitude resiliente do indivíduo.
A
resiliência rompe a noção de que a pessoa com câncer está numa situação sem
solução. Esse conceito reafirma que o ser humano é capaz de superar
dificuldades e não se lançar na depressão e na desmotivação para a vida.
O câncer
acarreta em rupturas na vida da criança e do adolescente, onde a doença e o
tratamento passam a ser fatores principais no cotidiano, dificultando a
autonomia e independência nas suas ocupações. Neste cenário, o terapeuta
ocupacional atua no enfrentamento das problemáticas que surgem, proporcionando
novas possibilidades significativas através de atividades lúdicas, criativas,
que permitam ao paciente expressar suas angústias, medos e incertezas frente ao
câncer, favorecendo a autoconfiança e autoestima, proporcionando a
sociabilidade e considerando suas potencialidades, pois compreende que mesmo em
meio às restrições, a vida precisa ser vivida em todos os sentidos.
Graças a
algumas mudanças de paradigmas, a assistência oncológica atualmente se preocupa
com a pessoa e não com a doença em si, proporcionando diferentes intervenções
psicossociais voltadas para o paciente e sua família, assegurando-lhes melhores
condições para lidar com o sofrimento e o enfrentamento do tratamento e seus
impactos cotidianos, priorizando a promoção da saúde e qualidade de vida.
No contexto
da oncologia pediátrica, apesar da fase de tratamento, é possível superar as
dificuldades, ressignificar o sofrimento através de um ambiente acolhedor, de
escuta, respeito e apoio, considerando que cada pessoa responde a determinada
situação de forma diferente, já que as atitudes resilientes são determinadas
pela forma como cada um vivencia a situação em si.
O terapeuta
ocupacional visa a elaboração da atenção integral e humanizada na perspectiva
da oncologia, tendo como foco o fazer humano, como o objetivo de trazer um novo
significado da doença e tratamento.
Foto relacionada à divulgação
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