Por Gabriella
Pereira do Nascimento
Coordenadora Pedagógica - Casa Durval Paiva
Professor – uma palavra que traz
com ela uma diversidade de significados. Nos remete diretamente ao local onde
passamos grande parte da nossa vida – a escola. Essencialmente, é aquela pessoa
que nos ensina uma diversidade de saberes, que troca, que provoca e media as
relações entre o aprendente e o aprendizado. É aquele que nos estimula a
aprender mais, é o parceiro, amigo, até confidente. Às vezes, é também a figura
que dá medo, não da pessoa, mas daquele conteúdo que insiste em não ser
compreendido, dos testes, dos trabalhos e das tão temidas provas! Quem não tem
um nome guardado na memória daquele professor que marcou a sua própria
história?
Tantos são os papéis assumidos
pelo professor durante o processo de desenvolvimento humano que, por vezes, se
confundem com a nossa própria história de vida. Mas, quando parte desta
história é marcada por um diagnóstico médico devastador, estará comprometida a
relação do aluno com este profissional? Com a escola? Com o seu aprendizado?
Para muitas crianças e adolescentes
é dentro do hospital que o reencontro com o professor acontece. Diante de
tamanha incerteza sobre a condição de saúde e perspectiva de vida, há um
profissional disposto a fazê-la pensar no futuro, a substituir o vazio
ocasionado pelo medo do tratamento médico, por um leque gigantesco de
aprendizado e perspectiva de futuro.
É na classe hospitalar ou na escola
do hospital que a educação alcança novamente os educandos, sendo um momento de
segurança diante de tantas incertezas, pois é através dela que o contato com o
universo do lado de fora do hospital acontece, que a rotina de vida é
reestabelecida (na medida do possível) e que a oportunidade de um novo encontro
com a aprendizagem acontece.
No ambiente hospitalar, a práxis
pedagógica sobressai ao que se estabelece nas escolas regulares. Neste
ambiente, aliar o conhecimento e o afeto é essencial para o desenvolvimento das
ações educativas. A exigência vai além da transmissão dos conteúdos escolares,
mas também precede o conhecimento, mesmo que mais superficial, das práticas
terapêuticas, procedimentos médicos estabelecidos, os diagnósticos, bem como,
os desdobramentos tanto físicos, quanto psicológicos, ocasionados pela doença.
É necessário compreender o quadro de
saúde do aluno e trabalhar respeitando sua condição física e mental, levando em
consideração, principalmente, os sentimentos do educando (medo, agressividade,
resistência, incertezas, dentre outros). Nesse sentido, há uma troca constante
de aprendizado. Quem ensina aprende e quem aprende ensina, constantemente.
Em meio a essa troca de
aprendizado, o professor aperfeiçoa sua prática e, por vezes, trabalha
transformando os procedimentos e a rotina hospitalar em um meio de aquisição de
conhecimentos, de forma lúdica, utilizando o contexto do aluno como ferramenta
de ensino aprendizagem.
As atividades na classe hospitalar
exigem também do profissional grande flexibilidade e criatividade relacionada a
transmissão dos conteúdos. O trabalho com viés lúdico e interdisciplinar é a
base forte para a construção de um processo educativo significativo, pois faz
com que o aprendizado ocorra de maneira prazerosa, sobressaindo às dores, medos
e incertezas do tratamento médico. Sugere-se que as atividades ocorram com
início, meio e fim no mesmo dia.
Além da relação direta com o
aprendente, o professor também assume papéis significativos para a família. Por
vezes, atua com interlocutor entre a equipe médica, o paciente e seus entes.
Por meio do diálogo estabelecido, se formam os vínculos de confiança, o que
possibilita uma atuação mais significativa dentro da sala de aula.
Diante de tantos papéis, de
tamanhas exigências, da diversidade de particularidades e da abrangência de
possibilidades educativas, é importante compreender que antes de profissional,
o professor é humano e é exatamente nesse ínterim que o cuidado deve ser
redobrado. Trabalhar na classe hospitalar exige tamanho cuidado físico e
psicológico, cabe continuamente autorreflexões sobre sua prática diária, seu
envolvimento com a profissão, bem como, com os alunos e familiares.
Atuar no ambiente hospitalar é
também lidar com a possibilidade de perdas a todo o momento na rotina de
tratamento médico das crianças e adolescentes. Nesse contexto, é preciso antes
de tudo respeitar os limites do outro, atuando com ética e humanidade, mas
também respeitar os próprios limites, criando estratégias de enfrentamento das
dificuldades, observadas no cotidiano da classe hospitalar.
O Ser professor no hospital é,
assim, ser para si e para o outro. É pensar e atuar na educação com respeito
aos direitos do aluno e de suas necessidades educacionais. É assumir o papel de
provocador e mediador não somente de conteúdos formais, mas estar pronto para
ouvir os mais diversos questionamentos sobre o tratamento médico; é estar
pronto para ganhar e perder na batalha da vida, mas, principalmente, é
possibilitar, enquanto possível for, o acesso à uma educação significativa e de
qualidade, pois o futuro na classe hospitalar, é já.
Assessoria de Imprensa
Casa Durval Paiva (84) 4006-1600/9981-3474/9622-4544
Na luta contra o câncer, quanto
mais cedo, melhor!
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