Monsenhor
Ernesto da Silva Espínola foi uma importante liderança da Igreja Católica no
Rio Grande do Norte, no século passado, à frente da paróquia de Jardim do
Seridó. “Um educador nato, tanto pelo exercício
do magistério, seja como professor, seja como diretor da Escola dos Pobres,
vinculada à Paróquia, quanto, sobretudo, pelo testemunho de vida austera,
embebecida no exercício da fraternidade”
O Seridó é
rico em gente boa, homens e mulheres de fé e fibra. Ernesto da Silva Espínola
foi uma das melhores versões do homem seridoense: firme, sério, forte!
Convivi
pouco com Monsenhor Ernesto, mas Sebastião Arnóbio de Morais, outro seridoense
da melhor cepa, sabe tudo sobre ele e, como bom pesquisador, fez registros
importantes sobre a história daquele grande sacerdote que, sobretudo em Jardim
do Seridó, Cruzeta, São José do Seridó, Ouro Branco e Acari, deixou marcas
positivas ainda lembradas e necessárias.
Monsenhor Ernesto da Silva Espínola
Monsenhor
Ernesto da Silva Espínola nasceu no Acari de nossas raízes no dia 7 de novembro
de 1927, filho de Manoel Antônio da Silva Espínola e de Rita Maria da
Conceição.
Faleceu em
Natal, hospitalizado, aos 83 anos, no dia 28 de janeiro de 2011. Está sepultado
na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Jardim do Seridó-RN.
Nasceu para
ser sacerdote. Na época não era tarefa fácil, sobretudo, pela pobreza material
de sua família. Manter-se no Seminário em Natal ou João Pessoa exigia certo
esforço financeiro, fato que motivou sua mãe, reiteradas vezes, a pedir
publicamente apoio para manter os estudos do filho na direção do sacerdócio.
Ambos conseguiram.
Monsenhor,
pela vocação e disciplina, foi ordenado Sacerdote, pelas mãos de Dom José
Adelino Dantas, no dia 4 de dezembro de 1955 em Celebração Eucarística Solene,
na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, do Acari, onde também celebrou a sua
primeira Missa, no dia 8 de dezembro.
Depois de
percorrer algumas Paróquias do Seridó em uma época de poucos sacerdotes e
muitas dificuldades de locomoção e acesso, Monsenhor Ernesto chegou à
tradicional Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Jardim do Seridó, a
querida “Veneza” seridoense.
Chegou e por
lá viveu os melhores anos de sua vida! Foram 42 anos de profícuo ministério, de
2 de maio de 1958 até o ano 2000, sendo o Pároco que maior tempo ficou à frente
do povo católico de Jardim do Seridó.
No período,
também acumulou outras Paróquias e Capelas, com especial atuação em Cruzeta e
Ouro Branco onde, inclusive, instituiu as famosas Festas da Colheita em agradecimento
aos invernos e em valorização ao trabalho rural.
Também
acumulou a direção – naquela época – da Capela de São José do Seridó, além de
outras interinidades em Parelhas, Acari, Serra de Santana, dentre outras
localidades seridoenses.
Foi ainda,
para as terras por onde andou, grande articulador para a vinda das Irmãs
Josefinas, congregação de freiras que faz um trabalho relevantíssimo em
diversos recantos do Seridó.
Teve
especial participação na história da Diocese de Caicó em inúmeros momentos. Um dos
mais expressivos foi quando Dom Heitor de Araújo Sales assumiu a Arquidiocese
de Natal no ano de 1993 e ele foi eleito Administrador da Diocese de Caicó.
Educação e austeridade
Sempre
discreto e firme, mesmo já sentindo os efeitos da diabetes que o perseguiu por
muitos anos, fez o que lhe cabia na transição e naquele momento histórico da
Diocese.
Monsenhor
Ernesto não foi apenas um sacerdote da Igreja Católica. Foi um líder respeitado
nas comunidades onde atuou. Tinha palavra e era ouvido, mesmo quando contrariou
alguns interesses ao apoiar a criação de Sindicatos de Trabalhadores Rurais.
Exerceu também o magistério.
Como repete
Francisco Teixeira, diácono da Igreja e advogado, um dos mais conhecidos
discípulos de Monsenhor Ernesto:
“Um educador
nato, tanto pelo exercício do magistério, seja como professor, seja como
diretor da Escola dos Pobres, vinculada à Paróquia, quanto, sobretudo, pelo
testemunho de vida austera, embebecida no exercício da fraternidade e da
solidariedade para com os mais desvalidos dentre os fiéis que conduziu à fé, a
esperança e ao serviço da caridade”.
Para o
crédito que conseguiu amealhar contribuiu – assim está claro – com disciplina,
seriedade, austeridade no modo de pensar e viver, sem se afastar dos princípios
cristãos que o moviam desde a infância, bem como, da ativa vida de muito
trabalho, sendo – mesmo líder – um homem simples no meio de todos.
Tanto é que
muito fez e, pelo que fez, foi querido e sua memória vive além da história, no
coração do povo que o aponta como modelo de homem de fé, fibra e sacerdote
exemplar.
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