As mulheres
vítimas de violência tem 15 vezes mais risco de cometerem suicídio devido à
“violência de repetição” que as leva a desejar acabar com a própria vida. O
risco de serem assassinadas é 20 vezes maior. De 2011 a 2015, meio milhão de
mulheres sofreram violência, que resultou em 5.700 mortes. Os dados foram
apresentados pela diretora de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do
Ministério da Saúde, Fátima Marinho, que veio a Natal lançar o capítulo do
livro Saúde Brasil 2015/2016, intitulado Violência contra a mulher: o desafio
de articulação da vigilância com a rede de atenção e proteção.
O evento
aconteceu dentro da programação do Encontro sobre a Qualidade da Definição de
Causas de Morte no Brasil, que se encerra nesta sexta-feira (25) e vem
reunindo, desde a terça-feira (22), especialistas do Brasil e de renome
internacional no SERHS Natal Grande Hotel.
Fátima
Marinho fez um alerta para que as mulheres, adolescentes e crianças vítimas de
violência sejam bem acolhidas e acompanhadas na rede pública de saúde. “A
violência contra a mulher é um fenômeno histórico, complexo e que ocorre em
todas as sociedades, culturas e classes sociais, de maneira indistinta entre
ricos e pobres”, afirmou.
A técnica
defendeu que, devido serem a principal porta de entrada para as mulheres que
procuram ajuda os profissionais de saúde precisam acolher, proteger e cuidar
dessa parcela da população, que pede ajuda em situações de violência aguda ou
crônica. “Reconhecemos que há empenho e esforço, mas ainda está longe de
alcançarmos o ideal. Precisamos refletir a questão da violência e o momento é
delicado. É preciso nos organizarmos da melhor maneira possível”, afirmou.
A
coordenadora de Promoção à Saúde (CPS) da Sesap, Iraci Nestor, afirmou que os
profissionais de saúde, que estão atuando nestas “portas de entrada”, tem o
dever de estarem alertas e dar total atenção aos casos de violência. De acordo
com a responsável técnica pela Vigilância da Violência Interpessoal Provocada,
Raissa Paiva, os dados apresentados são valiosos para a elaboração de políticas
públicas. “Os números revelam que tipo de violência chegou à rede. De posse
desses dados, fazemos um trabalho de levantamento e da rede elas são
encaminhadas para outro serviço. É uma situação é bastante difícil, tanto para
a mulher na fase adulta, quanto na adolescente”, afirmou.
SOBRE O LIVRO:
O estudo
descritivo das Notificações de Violência Interpessoal e Autoprovocada e do
linkage dos bancos do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) e SINAN
(Sistema de Informação de Agravos de Notificação) descrevem o perfil de
morbimortalidade da violência contra a mulher, analisando se as vítimas de
violência notificadas apresentam taxas de mortalidade por causas violentas mais
elevadas do que a população feminina geral.
O objetivo é
compreender os principais desafios para o SUS no enfrentamento da violência
contra a mulher. O estudo revelou que, quando comparadas as taxas de
mortalidade de vítimas de violência notificadas com as taxas de mortalidade
geral para o sexo feminino, observou-se que em todos os casos, as vítimas de
violência notificadas tiveram maiores taxas de mortalidade.
No período
de 2011 a 2015, a taxa média de feminicídio foi de 4,5 óbitos por 100.000
mulheres da população geral, enquanto que nas vítimas que foram notificadas por
qualquer forma de violência, registrou-se 91,6 (por 100.000 mulheres) de taxa,
sendo o risco de feminicídio 20,4 vezes maior. O grande número de mulheres que
sofreram e foram notificadas por violência e que vieram a morrer por causas
violentas sugere que as redes de atenção e proteção precisam ser fortalecidas e
ampliadas. [Ascom/Sesap]
Foto relacionada à divulgação
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