Por Fernando
Antonio Bezerra*
Foto de acervo de 2010
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Por maior
que seja a nossa fé, mesmo sendo menor que um grau de mostarda, a morte ainda é
um evento difícil de enfrentar. A visita da moça caetana, no dizer de Osvaldo
Lamartine e outros mais, é imprevisível... Quando imaginamos que vai demorar,
ela chega; quando até esperamos que chegue, ela demora. Para os de fé, tudo um
dia será explicado e a permissão de Deus esconde lições que a vista miúda não
alcança. Foi mais ou menos assim, meio encabulado por não encontrar as palavras
mais apropriadas, que recebi a notícia de que Luciano, irmão de Lobinho,
Francisquinha, Plínio, Hilda, Nilton, Dilma, Luiz, Carmelita, Ubirajara, Elvira
e Afra Neta, partiu para o horizonte que a fé nos faz enxergar.
Luciano
Veras Lobo, nascido das entranhas do Seridó potiguar e paraibano, filho de
Francisco Lobo Filho e Celina de Faria Lobo, avistou o primeiro sol na Fazenda
Apaga Fogo em Serra Negra do Norte no dia 28 de abril de 1949, mas, foi em
Caicó-RN e depois em Campina Grande-PB, de dia e de noite, que fez da vida uma
arte de nutrir amizades e fazer o bem.
Estudou em
Caicó algumas das letras aprendidas, especialmente, no Colégio Diocesano
Seridoense onde fazia parte da “bicharada”, turma que o acompanhou a vida
inteira. Era o “boi manso”, um dos mais presentes em todos os momentos da
turma, inclusive, nos muitos reencontros de janeiros, julhos, aniversários e
celebrações que ocorreram desde a juventude até a maturidade.
Perdeu o pai
ainda muito cedo, sendo apoiado pelos familiares, especialmente, por
Francisquinha que, revestida de novas responsabilidades, assumiu a liderança da
família ao lado de sua mãe, tios e, logo em seguida, do esposo Enéas Olímpio
Maia, a quem toda a família reverencia como benfeitor.
Enfim,
depois de Caicó, estudou em Recife, Campina Grande onde concluiu o curso de
Medicina e em São Paulo onde se especializou médico otorrino. Antes, em Campina
Grande, constituiu novo núcleo familiar casando com a médica Lília Izabel
Barros Lobo com quem gerou os filhos Felipe, Igor e Fábio.
Na Capital
da Borborema exerceu a medicina, colecionou novos amigos, criou os filhos,
conheceu os primeiros netos – Luis Felipe e Mariana – e abençoou a que virá
(Lívia). Era profissional respeitado e nome de referência. Quando alguém do
sertão, parente ou amigo de seus amigos, independente de condições financeiras
ou de qualquer outro vínculo, precisava de um apoio médico em Campina, uma
porta sempre esteve aberta: Dr. Luciano Lobo! Gente que, não raro, sequer
conhecia, mas sendo das terras de cá encontrava um amigo nas terras de lá.
Mas, além de
“Boi Manso” e “Dr. Luciano” existe a lembrança de “tio Lulu”. Conheci um pouco
mais de perto “tio Lulu” pela amizade que tenho com seus sobrinhos há algumas
décadas... Se alguém exerceu bem a função de tio e serve como modelo, posso,
modestamente, apontar para ele. Aliás, ele era tão amigo dos sobrinhos que se
tornou também nosso, apesar da distância de idade.
Waldez
Pereira dos Anjos (1969/2012), um amigo comum que também foi muito antes da
hora combinada, apenas porque era amigo dos sobrinhos o chamava com a maior
informalidade – Lulu - e recebia dele o maior cabimento, apesar da diferença de
idade.
Na tarde de
domingo, enfim, Luciano partiu. Pela fé que nos conforta quem faz caridade e é
de paz recebe, no céu, a distinção dos bons. Acredito que por lá “boi manso”
encontrou rancho, reencontrou gente e já está assuntando como assistir a Festa
do Ex-Aluno e saber das novidades do Coreto da Praça. Por aqui, fará falta.
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