Mais
silenciosos e ambientalmente sustentáveis, embora sejam poucos em circulação,
os veículos híbridos e elétricos foram tema de debate no Senado nesta
quarta-feira (1º). O que falta para esses automóveis tomarem as ruas do país,
foi a questão que especialistas e senadores procuraram responder em audiência
pública promovida pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). Uma
política fiscal que ajude a reduzir os custos dos veículos deve ser prioridade,
na avaliação dos participantes da reunião.
Apesar de
considerarem importante expandir a infraestrutura de recarga desses veículos,
especialistas e senadores avaliaram que é mais urgente o estabelecimento de uma
política de incentivo fiscal que torne os carros elétricos mais acessíveis à
população. O preço dos “carros verdes” disponíveis no mercado ainda é bem mais
elevado do que o dos convencionais. Uma das razões é justamente o fato de serem
produzidas poucas unidades.
Segundo o
presidente da CI, senador Garibaldi Filho, os carros elétricos apresentam
várias vantagens diante dos veículos convencionais. “Eles apresentam alta
eficiência energética e baixa emissão de poluentes, além de serem silenciosos.
Outra vantagem é que eles são muito econômicos”, enumerou o senador. O debate
na Comissão teve como objetivo instruir a análise do projeto de lei da Câmara
(PLC) 65/2014, que institui a obrigatoriedade de pontos de recarga para
veículos elétricos em vias públicas e em ambientes residenciais e comerciais.
- O modelo
de focar na rede de recarga pode ter um peso maior no custo sem ter uma
efetividade grande. Uma política de incentivo para a compra do veículo
alcançaria o objetivo de forma melhor – apontou Hugo Lamin, assessor da
Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo a
Associação Brasileira do Veículo Elétrico, o país conta com uma frota de cerca
de três mil carros elétricos e híbridos de um total de mais de 90 milhões de
veículos em circulação em abril de 2016. Para Ricardo Guggisberg, presidente do
órgão, a redução do imposto de circulação de mercadorias (ICMS) e do Imposto de
Produtos Industrializados (IPI) é um dos caminhos para ajudar a popularizar os
carros elétricos e híbridos.
- O veículo
elétrico paga 25% de IPI, enquanto um flex paga 11%, mesmo sabendo que a
eficiência energética do elétrico é incontestavelmente maior. Outro ponto
fundamental é a redução do Imposto de Importação para os componentes também.
Essas medidas tornaram os veículos elétricos economicamente competitivos –
disse o representante da ABVE.
Para
incentivar a mobilidade elétrica, o governo zerou no ano passado o imposto de
importação dos carros verdes. Para Antônio Megale, Presidente da Associação
Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores (Anfavea),
é hora de incentivar a produção interna:
- Enquanto
não temos ponto de recarga, o mercado não se expande, e sem a expansão do
mercado, não há necessidade de colocação dos pontos. Então, é fundamental que
seja criada uma clara política de implementação gradual, para que, à medida que
a tecnologia for avançando, permita que esses veículos sejam um pouco mais
baratos, tenham maior competitividade e possam avançar – assinalou.
Pontos de
recarga - Ainda que considerada uma medida secundária, debatedores concordaram
com a necessidade de aprimorar a oferta de opções de recarga para os veículos
elétricos. Atualmente a maior parte dos automóveis e motocicletas dessa
modalidade podem ser recarregados em tomadas convencionais, mas uma carga
completa requer entre 6 e 8 horas, o que inviabiliza a circulação desses carros
por trajetos mais longos.
O projeto em
discussão no Congresso (PLC 65/2014) estabelece que as concessionárias de
energia serão obrigadas a instalar pontos de recarga de baterias junto às vagas
de estacionamento público que venham a ser disponibilizadas para esse fim pelas
autoridades locais. Conforme a proposta, o poder público também será obrigado a
desenvolver mecanismos que promovam a instalação, nos prédios residenciais, de
tomadas para recarga de veículos elétricos nas vagas de garagens.
Segundo o
diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
(ABRADEE), Daniel Mendonça, as concessionárias precisam ser adequadamente
remuneradas por esse serviço para que os investimentos e a operação dessas
unidades de infraestrutura não se tornem um ônus adicional para as
distribuidoras.
De acordo
com os especialistas ouvidos, o projeto faria com que todos os consumidores
pagassem a conta da estrutura de recarga. O relator, senador, Jorge Viana
(PT-AC), garantiu que alterará a proposta. “Como vamos agora propor em um
projeto de lei, como quer o Projeto de Lei da Câmara nº 65, que a sociedade
inteira pague pelos pontos de recarga do carro elétrico? Isso não passa. Isso
não é do século XXI, não é moderno”, avaliou.
Segundo o
senador, Congresso e governo precisam incentivar a produção de veículos mais
sustentáveis: “O carro elétrico segue uma lógica que responde à questão do
clima e ao desafio de evitarmos a mudança climática. Agora, o Brasil tem que
tomar a decisão se quer ser uma referência em carro elétrico no mundo ou não.
Por enquanto, o Brasil não tomou essa decisão”, afirmou. [por assessoria de imprensa]
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