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sábado, 21 de novembro de 2015

Os carnavais de outrora no RN

O Carnaval no Rio Grande do Norte

(Gumercindo Saraiva)

Efetivamente, os poetas Lourival Açucena e Ferreira Itajubá escreveram letras para os blocos de sua época, mas todas se perderam porque não havia meio de divulgação. De 1920 a 1930, Olímpio Batista Filho, João Estevam, Evaristo de Souza, Cirineu de Vasconcelos, Otoniel Menezes, Fábio Zambroti, Chico Bulhões, Josué Tabira, Jayme dos G. Wanderley, Palmira Wanderley, Clarice Palma e Carolina Wanderleyescreveram poemas, musicados por compositores norte-rio-grandenses. Cada bloco tinha sua música, como hino oficial, mas pouco era divulgada, uma vez que o folião somente cantava os sucesso aparecendo nas vitrolas e interpretadas por cantores cariocas, como diziam.

No sul, o ritmo era a Polca, o Maxixe, e o Chote. O Maxixe, já nasceu dança urbana, e o Carnaval ganhava assim sua coreografia. Isso a partir de 1845, segundo o musicólogo Mario de Andrade. Há precisamente um século em 1877 as danças nos bailes sociais eclodiram com Polcas, Chotes. Quadrilhas e outros ritmos importados da Europa. O Carnaval era dançado com músicas dessa espécie até que, em 1890 Chiquinha Gonzaga, compôs “”Oh abre alas” constituindo a primeira marcha para o Carnaval, isto é, escrita apenas para um bloco-cordão denominado “Rosa de Ouro”. Depois de popularizada pelo Cordão, os outros blocos começaram a cantá-la e nunca mais pararam.

Em 1910 vieram as músicas escritas especialmente para o Carnaval. Mas o povo cantava tudo o que sabia, no delírio do éter. A embriaguez, a bebedeira desenfreada e a liberdade excessiva nos foliões, fizeram com que letras pornográficas fossem introduzidas no Carnaval. A canção popular brasileira estava formada, aproveitando temas policiais e fatos relacionados com a vida social do nosso povo. Aí chegaram as críticas julgando pessoas de relevo e autoridades, como os próprios Presidentes da República, vindo em forma de paródias. Vejamos algumas composições chistosas, humoristas e graciosas, aliás, cantadas também nos carnavais natalense:

Papagaio louro
Do bico dourado
Tu falavas tanto
E hoje estás calado!

Fazendo alusão ao grande Ruy Barbosa, quando a Aguia de Haya deixou de falar em determinada época, pretendendo alcançar à Presidência da República. O estadista Wenceslau Braz, recebeu uma Embolada muito cantada em sua campanha política. Sinhô, autor de vários sucessos carnavalescos, escreveu, envolvendo a figura de J.J. Seabra:

Macaco velho
Não mete a mão em combuca
Por causa disso
Tem muita gente maluca

Numa crônica escrita pelo jornalista João Ricardo (Revista FROU-FROU, de fevereiro de 1925), transcrevemos este trecho:
- De todas as críticas, porém, foi o Sr. Hermes da Fonseca o que mais sofreu os ataques e as alusões ferinas, sempre e nem sempre justas, da musica popular carioca. Ridicularisando por sua vez, a nossa política, a propósito das campanhas que ela move de tempo em tempo, à jogatina, os poetas carnavalescos compuseram, de uma feita esta sextilha que é uma obra-prima de bom-humor sadio.

O chefe de polícia
Pelo telefone,
Mandou-me “avisá”
Lá na Carioca
Tem uma roleta
Para n[os “brincá”

Querem agora um modelo de canção educativa? Ei-lo aqui:

Fala, meu louro
Emissário do diabo
Deixa a vida alheia
Macaco olha teu rabo...”

A sextilha que o Sr. João Ricardo citou, foi a origem do primeiro samba carnavalesco “PELO TELEFONE”, que ainda hoje se discute sua autoria, não obstante, ter Donga, em 1917 registrado na Escola de Música, como sendo, sua com letra do jornalista Mauro de Almeida.

POLÍTICOS POTIGUARES ENVOLVIDOS EM MÚSICAS CARNAVALESCAS [Clique para continuar leitura no Jornal Zona Sul]
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