Foto: divulgação |
Vez ou outra, eu volto aos e-mails que
recebo de meus amigos – que estão salvos em pastas específicas e por ano de
recebimento - para revê-los. Entre eles me deparei com um intitulado “Alta
Costura”, que me foi enviado em 2010. O texto deste email, me emocionou
bastante, pois me fez recordar um tempo em que minha mãe era a costureira da
família, costurando as nossas roupas, com o curto tempo que sobrava de suas
outras atividades como: mãe de oito filhos, dona de casa, responsável pelas
compras e preparo de toda a alimentação da casa, enfermeira, quando estávamos
doentes, professora, pois nos ensinou, alfabetizando, além de ajudar o
aprendizado da matemática, através da taboada, etc. deixando-nos prontos para
entrar na 2ª Série do curso primário, hoje ensino fundamental, uma vez que a 1ª
Série era a série da alfabetização, entre outras atividades pedagógicas.
Voltando ao assunto, é claro, que o
texto me emocionou, pois a Alta Costura da qual fala o autor, que infelizmente
não se identificou, mostra todo o amor e carinho das mãos de sua mãe, que
costurava não só roupas, mas os sentimentos que devem envolver a família como
um todo.
Vejamos o texto: “Alta Costura”
“No tecido da história familiar, as
mãos de minha mãe reforçaram as costuras para nos protegerem de qualquer
empurrão da vida...
As mãos da minha mãe uniram com um
alinhavo as partes do molde sem esquecer que cada uma é diferente da outra e
que juntas fazem um todo como uma família...
As mãos de minha mãe fizeram bainhas
para que pudéssemos crescer para que não nos ficassem curtos os ideais...
As mãos de minha mãe remendaram os
estragos para voltarmos a usar o coração... sem fiapos de ressentimentos...
As mãos de minha mãe juntaram
retalhos para que tivéssemos uma manta única que nos cobrisse...
As mãos de minha mãe seguraram
presilhas e botões para que estivéssemos unidos e não perdêssemos a
esperança...
As mãos de minha mãe aplicaram
elásticos para nos podermos adaptar folgadamente às mudanças exigidas pelos
anos...
As mãos de minha mãe bordaram
maravilhas para que a vida nos surpreendesse com as suas contínuas dádivas de
beleza...
As mãos de minha mãe coseram bolsos
para guardar neles as moedas valiosas das melhores recordações e da minha
identidade...
As mãos de minha mãe, quando estavam
quietas... zelavam os meus sonhos para que alimentassem os meus ideais com o pó
das suas estrelas...
As mãos de minha mãe seguraram-me com
linhas mágicas, quando entrava na vida... para começar a vesti-la!
As mãos de minha mãe nunca
abandonaram o seu trabalho...
E sei muito bem que hoje, onde
estiverem, fazem orações por mim...
E eu... Eu beijo-as como recebessem
bênçãos!”
E assim, a gente poderia ir
costurando o tempo, costurando as pessoas que amamos, costurando o amor
verdadeiro, costurando a auto estima, costurando a felicidade, para que tudo
ficasse bem pertinho e não sumissem; costurando a saudade e a lembrança no
fundo do baú, para que elas não fugissem, pois estas lembranças são
exclusivamente nossas e fazem parte da nossa história.
Enfim, como a verdadeira história das
mãos da mãe do autor, para mim, essa história também representa as mãos de
minha mãe, e com certeza, a de todas as mães que se sacrificaram para ver sua
família unida e feliz.
*Texto publicado no Jornal Zona Sul
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