Por Flávio Rezende*
Os estudantes andam
apavorados com um tal de Charlie Charlie,
que segundo a crença, move diabolicamente lápis entre sins e nãos, e depois, passa ao imaginário deles como algo
real, gerando pânico e medo, desaguando tudo em noites mal dormidas e estresse
para os pais.
Os jovens, assim como
nossos antepassados e todos nós, buscam crer em algo, para que esse vazio que
povoa nossa mente possa ser preenchido com algum tipo de certeza que existe
algo pós, para fazer ter sentido o presente e, algo, superior, para que
possamos diante de fardo pesado, ter esperança que esse acima, maior e potência
máxima em resolutividade possa ter pena de nós e aliviar a barra.
E acreditando em uma
coisa ou outra, vamos seguindo, sem que, diante de muitos e muitos anos já por
aqui, tenhamos certeza absoluta que realmente tenha algo após ou superior,
posto que sendo questão de fé, essa crença como existe hoje, só tem razão de
ser nesse crer sem ver e nesse acreditar sem nada de real presenciar.
Nestas aparições que
assustam, que surgem via mídia, ou naturalmente em fenômenos sociais, minha
pequena e amada Mel chegou em casa temendo uma tal de Cabra Cabriola, que
segundo o Wikipédia, “é um ser imaginário da mitologia infantil portuguesa, mas
também surge no resto da península Ibérica, foi depois levada para o Brasil
pelos portugueses. A Cabra Cabriola é a personificação do medo, um animal em
forma de cabra, um animal frequentemente de aspecto monstruoso comedor de
crianças, um papa-meninos. “
Pois a minha caçula anda
temendo cerrar pálpebras e dar de cara com a Cabriola, receando não ser
suficientemente arrojada para encarar a danada, crente que a cabra tem força e
poderes suficientes para pintar e bordar e transformar sua alegre vida num
inferno precoce.
Seja os adolescentes
arrepiados com Charlie Charlie ou as crianças tremendo diante dos feitos
diabólicos da Cabra Cabriola, temos também hoje no Brasil uma turma que não
acredita em nada. Esses seres já começam a despertar o interesse dos mais pós
pós pós doctors do planeta. É incrível como diante de tantos fatos, antes
mensais, depois semanais, hoje diários e caminhando para de hora em hora,
histórias escabrosas de dólares em cuecas, dinheiro em aviões e bancos de todos
os paraísos, desvios, roubos, editais direcionados, gráficas que não imprimem e
recebem, eventos que não existem e tem verbas, contratos superfaturados,
comissões, taxas de sucesso, administração de recursos não contabilizados, uma
gama infinita de técnicas e práticas que estamos tomando conhecimento
diariamente e, esta turma, nem nem, simplesmente são ateus dos eventos
ocorridos no Brasil nos últimos doze anos.
E assim seguimos,
tentando amenizar os terrores que narrativas cabriolísticas e charlísticas
ocorrem a nossos filhos, e pasmos diante dos ateus políticos em voga no Brasil
hoje, que não sabem de nada, não acreditam em nada e, assim, voando, viajando e
se fazendo de doido, vão apostando naquela coisa que perigosamente repetimos sempre,
tudo passa, temos memória curta, tendemos a esquecer e perdoar...
Queria eu que essa tal
de Cabra Cabriola desse um susto bem grande nesses bandidos que assaltaram e
devem ainda estar assaltando o Brasil, pois depois do mensalão engataram o
petrolão e quem confia agora que não tem nada acontecendo, pois parece que não
vivem sem meter a mão em alguma coisa pública.
Além do susto da cabra,
torço para que o Charlie Charlie na consulta deles no sentido de se vale
continuar a prática criminosa, leve o lápis para o não. Quem sabe esse conselho
mediúnico faça efeito e essa turma entre nos eixos deixando o que é público
para o público e perdendo a mania feia de privatizar nosso butim para seus
projetos pessoais e partidários, empobrecendo o Brasil e aterrorizando nossas
vidas com mentiras, roubos, falsidades e vergonha.
*Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista
social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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