Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Tenho acompanhado,
curioso, o noticiário sobre as chuvas no Rio Grande do Norte. Interesse pelo
que o inverno significa para nosso universo rural e, particularmente, pelo
castigo impiedoso que a estiagem impõe a Currais Novos, cidade de onde vim. Vi,
semana passada as imagens na televisão de movimento feito pela população da
cidade seridoense e desta vez não era para pedir, em oração impulsionada pela
fé, que caísse chuva. Desta vez era a indignação para pedir providências às
autoridades para a situação efetivamente difícil vivida pela população.
Tenho lido sobre as
chuvas que caem em território potiguar, especialmente no Seridó. Não chegaram
ainda a Currais Novos. O que resta para as torneiras das casas é um líquido mal
cheiroso e barrento, imprestável para o consumo humano, segundo relatos que
ouvi. Uma situação que já perdura por meses. Cansada de esperar a população vai
encontrando as soluções possíveis. Uma delas a de cavar poços na área urbana
sem que existam estudos prévios indicando ser esta a providência mais correta.
Um risco que a população corre, mas tem a seu favor o argumento de que busca
respostas para problemas que o poder público não enfrentou.
Currais Novos tem sido
esquecida nos projetos de adutoras que tem se instalado no Estado. Estudos para
que fosse incluída nos programas e projetos foram defendidas por lideranças
locais, todas sem sucesso. Os olhares dos governantes passaram por cima da
cidade. Resta agora à população, além de esperar pelas benesses da natureza e
pela fé dos mais crédulos, repetir o gesto da semana passada: ir para a rua em
denúncia e cobrança. Denúncia pelo esquecimento, pelo descaso. Cobrança das
providências que a situação exige. Ir para a rua não apenas as lideranças
empresariais e entidades como a OAB, como aconteceu. Precisam também estar
nelas as lideranças religiosas, sindicais, políticas, estudantis. Talvez assim
abalem a sensibilidade de quem tem a responsabilidade de dar soluções aos
problemas –e problemas com essa dimensão- da população.
*Texto publicado na coluna do jornalista no Novo Jornal [Leia mais > A importância do parque
nosso que foi parar no NYT]
0 comentários:
Postar um comentário