Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Ainda adolescente,
metido a rapaz, morei no Baldo, ali perto de onde se armavam os circos que
chegavam a Natal. Acompanhava tudo, desde a armação de suas enormes estruturas
(cheguei e ajudar em alguns desses trabalhos junto com amigos da rua Ceará
Mirim em troca de ingressos), até os ensaios e espetáculos. Tempos em que as
dançarinas já entravam em cena vestindo biquines, quando nas praias natalenses
as duas peças inexistiam como moda. Sequer povoavam a imaginação das nossas
mais ousadas senhorinhas. Malabaristas, palhaços, o globo da morte, a dança das
águas, trapezistas, tudo enfeitiçava. Ficou em mim a paixão pela vida circense.
Há tempos, muitos, não
chego a uma arquibancada de circo. Ou o poleiro, como era chamado no meu tempo.
Pensei ter surgido a vez de voltar e de forma diferente. Não era um circo do
tamanho dos que se instalavam, por dias, no Baldo. Era bem menor, todo coberto
sim e não chegava a ser um “tomara que não chova”. Mas um circo bem pequeno,
daqueles à moda antiga. Começo das semana passada, início de noite já de volta
pra casa, vi à minha frente o carro velho, já surrado, anunciando, pelo sistema
de som cheio de ruídos, que estava chegando a hora do início de mais uma
apresentação do velho circo. Segui o carro e descobri que o pequeno mundo
coberto de lona estava armado ao lado do campo de futebol de Dix Sept Rosado,
entre as ruas Antônio Basílio e Nascimento de Castro.
Decidi assisti-lo no dia seguinte. Não deu. Mais um dia e, de novo, impossível. A falta de tempo repetiu-se em outras noites e, finalmente, chegou a hora. Entrei na ruela que dava acesso. Fui castigado. O circo e seus artistas tinham partido. Não atraíra público, o que motivou uma temporada menor que a planejada. Desejo frustrado, sonho adiado. Trapezistas, palhaços, malabaristas e dançarinas continuam sendo um conjunto guardado em algum arquivo da memória à espera de uma próxima chance.
Decidi assisti-lo no dia seguinte. Não deu. Mais um dia e, de novo, impossível. A falta de tempo repetiu-se em outras noites e, finalmente, chegou a hora. Entrei na ruela que dava acesso. Fui castigado. O circo e seus artistas tinham partido. Não atraíra público, o que motivou uma temporada menor que a planejada. Desejo frustrado, sonho adiado. Trapezistas, palhaços, malabaristas e dançarinas continuam sendo um conjunto guardado em algum arquivo da memória à espera de uma próxima chance.
*Texto publicado na coluna do jornalista no Novo
Jornal [Leia mais: Anunciaram e
garantiram o Atheneu e o Mercado. e nada]
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