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sábado, 22 de fevereiro de 2014

A fotografia revela: O Reis Magos pede para ir embora



Por Albimar Furtado*
Jornalista albimar@superig.com.br

Dois momentos absolutamente distintos, distantes cerca de 50 anos, me remetem ao Hotel dos Reis Magos . O primeiro deles foi o dia de sua inauguração pelo então governador Aluízio Alves. Era uma Natal ainda provinciana, sem os grandes edifícios de hoje, e meus olhos de menino talvez em meus 15 anos (naqueles tempos aos 15 anos é que se começava a ser adolescente) testemunhavam, espantados, o mar de gente que se espraiava pela Hermes da Fonseca em busca da Praia do Meio. Estava lá, novinho e imponente, o hotel dos Reis Magos para ser inaugurado. Da balaustrada da Getúlio Vargas o espetáculo era ainda mais bonito, um mundo de gente em movimento pela avenida Sylvio Pedrosa. Impossível esquecer a cena. O Reis Magos era o novo cartão postal da cidade, vaidade de sua gente.

Vi agora, e este é o segundo momento, a foto de Eduardo Maia na capa do Novo Jornal. O mesmo prédio, o mesmo Reis Magos. Mas não é mais a mesma coisa. Ninguém olha mais pra ele. Velho, triste, sujo, abandonado. Alguém mais curioso, que arrisque um breve olhar, será provocado pela inscrição em suas paredes: Cuidado, cão solto. A pergunta vem de imediato: pra quê? Tomar conta dos ratos? A fotografia de Eduardo Maia é modelo de jornalismo e cruel ao expor uma verdade, uma situação real. Melhor que o prédio, que um dia foi moderno e bonito, fique apenas na lembrança. Ficará mais preservado assim. Deixem que o novo tempo, o novo século façam construir ali um novo equipamento de arquitetura bela a enriquecer a paisagem de nossa Praia do Meio. Como foi um dia o Reis Magos, conferindo dignidade àquele espaço.

E é isto que parece pedir o prédio cinquentenário na foto de Eduardo Maia. Nela, o Reis Magos parece rogar que o deixem partir. A história registrará seus tempos de glória, de festas, de abrigo para presidentes da República, celebridades da política, da música, do esporte, de cinema e telenovela, empresários. Tudo registrado em nossa memória e na história. Pra quê, hoje, prolongar a sua agonia? 

*Texto publicado na coluna do jornalista no Novo jornal. Leia mais: Esconderam e abandonaram o presépio de Oscar Niemeyer

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