por Walter Medeiros*
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Minha prima, Terezinha
Medeiros de Freitas criava uma cadela chamada Diana, da raça Pastor Alemão, e,
numa das suas crias, ofereceu-me um cachorro novinho e belo. Assim criei o meu
primeiro e único cachorro, que se chamou Hopper e viveu enquanto morávamos na
rua Coronel Estêvam e, em seguida, na rua São José - Lagoa Nova. Era um belo
cachorro, disposto, amigo, mas não acredito que tenha tido em mim o melhor
dono. Lembro que numa disenteria que teve Alderico Leandro o colocou em seu
carro e fomos para a clínica veterinária, onde recebeu os devidos cuidados. Seu
fim se deu num triste acidente, por ocasião dos festejos juninos.
Depois dessa experiência
nunca mais me dispus a criar outro cachorro, mas alguns fatos ligados e esses
animais sempre me chamam a atenção. Principalmente quando na aula que tivemos o
privilégio de assistir com a professora Miriam Coeli, nossa professora de
Ginásio na Escola Industrial, foi feita a leitura da célebre e impecável
crônica de Cecília Meireles intitulada “Um cão apenas”. A sensibilização com a
crônica era tão grande que chegamos a decorar o texto inteiro. Fala de um cão à
porta da casa que não recebe sua atenção e depois ela se arrepende por não
tê-lo tratado bem, chegando ao ponto de afirmar que qualquer ser humano pode
ser um dia como aquele cão ignorado e solitário.
Tempos depois veio o
ministro do Trabalho do Governo Collor, Rogério Magri, dizer que “Cachorro
também é ser humano”, ao explicar à imprensa porque um carro oficial havia sido
usado para levar um animal ao veterinário. Não existe controle de coisas desse
tipo, porque no Brasil hoje não se tem controle de praticamente nada, a não ser
no que o Poder Público alopra e usurpa os parcos recursos dos cidadãos. Pois
até Tribunal de Contas fiscaliza por amostragem. Daí não ter sido dada nenhuma
explicação para aquela cadelinha branca que passeou numa Kombi da Presidência
da República, por volta de 2004, salvo engano.
Atento a essas
curiosidades, assisti há poucos dias a notícia do cão-guia Orlando, um labrador
retriever preto, que saltou nos trilhos do metrô de Manhattan depois que seu
dono, cego, perdeu a consciência e caiu enquanto um trem se aproximava. Seu
dono, Cecil Williams, 61 anos, escapou de ficar com sérios ferimentos quando o
trem passou pelos dois. O cão tentou segurar o seu dono e testemunhas disseram
que ele começou a latir freneticamente e tentou evitar que Williams caísse da
plataforma. Por causa do latido, o fato
foi percebido e os dois escaparam; a história teve um final feliz.
Nesse fim de semana,
outra história chama atenção e comove, pelo inusitado. Normalmente se diz que o
cachorro é o maior amigo do homem. Pois desta vez quem deu altaneira
demonstração de amizade pelo amigo foi o homem.
Aldinei Magalhães Barbosa findou pagando com a vida a tentativa de
salvar o cachorro da família, durante as enchentes de Minas Gerais. Nos dias de
hoje, pode-se ampliar aquele trocadilho que diz: “melhor ter um cachorro amigo
que um amigo cachorro”. Com a palavra os
cães, para mostrar que o homem é o melhor amigo do cachorro. Até porque os
cientistas começaram a encontrar sinais humanos nas reações daqueles animais.
*Jornalista
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